Trump, uma incógnita

A imagem que ele projetou, contrastando com a aparente serenidade de Barack Obama, é a de um porra-louca que não trepidaria em levar o Globo a uma nova guerra. É possível, no entanto, que todos estejamos enganados

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva. 11/01/2017. REUTERS/Shannon Stapleton
Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva. 11/01/2017. REUTERS/Shannon Stapleton (Foto: Ribamar Fonseca)


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A partir da próxima sexta-feira os Estados Unidos terão um novo presidente: Donald Trump. No mundo inteiro há uma enorme expectativa quanto à sua gestão, pois dele muito dependerá o futuro do planeta: se ele cumprir o que prometeu em seus discursos de campanha, marcados pelo radicalismo, não há dúvida de que o mundo correrá sérios riscos. A imagem que ele projetou, contrastando com a aparente serenidade de Barack Obama, é a de um porra-louca que não trepidaria em levar o Globo a uma nova guerra. É possível, no entanto, que todos estejamos enganados, até porque depois de eleito Trump mudou o tom, inclusive acenando com a possibilidade de um relacionamento mais estreito com a Rússia, o que de certo modo afastaria os temores de perigosos estremecimentos entre as duas maiores potências do planeta. Na verdade, a gestão Trump ainda é uma grande incógnita, pois ele não conseguiu ainda conquistar a confiança do resto do mundo com seu comportamento de animador de programa de auditório. Às vezes ele até parece um garotão brincando de Presidente.

Apesar dessa primeira impressão à distância, é possível que o milionário surpreenda e faça uma boa administração, isto é, se conseguir cumprir o mandato inteiro, já que terá muita dificuldade para se manter na Casa Branca, a julgar pela forte oposição, sobretudo da imprensa, que não lhe tem poupado duras críticas. Seus problemas, na verdade, começaram logo após a divulgação do resultado do pleito que lhe deu a vitória, com acusações de fraude e interferência russa para favorecê-lo. Eleito com um discurso de forte conotação nacionalista, um tema sensível aos eleitores norte-americanos, Trump poderá ser derrubado com base justamente no nacionalismo. Isto porque seus adversários democratas começaram a levantar suspeitas sobre o seu relacionamento com os russos e o presidente Barack Obama chegou a dizer, maldosamente, que ele parece confiar mais nos russos do que nos americanos. Se a imprensa americana bater nessa tecla, como a brasileira fez com o governo petista, acusando-o de corrupto, Trump pode não chegar ao fim do mandato. Ele está sendo alvo do mesmo processo que defenestrou Dilma do Palácio do Planalto.

A democrata Hillary Clinton, derrotada surpreendentemente por Trump, desde o resultado da eleição passou a fazer exatamente como o candidato derrotado nas eleições presidenciais brasileiras, Aécio Neves, levantando suspeitas sobre a lisura do pleito. E a exemplo do senador tucano, ela conta com o apoio da mídia americana, que hoje não parece muito diferente da nossa. Foi-se o tempo em que o jornalismo americano era modelo de profissionalismo. Resultado: bombardeado diariamente pela poderosa imprensa do seu país Trump, que está se perdendo em responder pela Internet tudo o que falam dele – caiu na besteira inclusive de responder às críticas da popular atriz Merryl Streep com um comentário grosseiro – sofre enorme desgaste dentro e fora do seu país antes mesmo de assumir o governo. E o simpático Obama, que decepcionou a todos que esperavam um governo pacifista, bem diferente do belicoso Bush, neste final de mandato não perde oportunidade para lançar mais veneno contra o milionário que derrotou a sua candidata.

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Barack Hussein Obama, que foi um fenômeno eleitoral – conseguiu eleger-se duas vezes Presidente mesmo sendo negro e com um nome de origem árabe-hebraica – representava as esperanças do resto do mundo de que, a partir da sua gestão, os Estados Unidos deixariam de intrometer-se na vida dos outros países, assegurando a paz mundial. Além de continuar se comportando como xerife do mundo, fomentando guerras e bisbilhotando até seus próprios aliados, ele deixou de cumprir promessas importantes de campanha, no âmbito internacional, como a retirada da base militar de Guantânamo em Cuba e das tropas americanas no Iraque, entre outras. Ao contrário, aumentou as tropas americanas no Afeganistão e autorizou a invasão da Líbia. Seu legado, após oito anos de governo, foram internamente o Obamacare e, externamente, a retomada, embora timidamente, das relações diplomáticas com Havana. Afora isso, seu governo não foi muito diferente dos outros, em especial de George W. Bush, que aproveitou a emoção do povo americano, em relação ao atentado às torres gêmeas, para aprovar a legalização da tortura, medida antes impensável num país de tradição democrática.

Por outro lado, o governo brasileiro, hoje sob a batuta ilegítima de Temer, que parecia torcer por Hillary Clinton, ainda não sinalizou sua posição diante do governo Trump, mas não há dúvida de que, pelo seu espírito de vira-lata, continuará agarrado ao saco do Tio Sam, sobretudo com um chanceler como José Serra. Até porque, se estão hoje nesses cargos devem em parte ao governo americano, que apoiou o golpe no Brasil. A título de ilustração, é possível constatar-se, por exemplo, na foto do encontro entre Temer e Serra com o secretário de Estado norte-americano John Kerry, publicada pelo 247, o semblante de subserviência gritante dos dois brasileiros. Eles pareciam babar contemplando o americano, o que indica uma relação de subserviência, com todas as implicações daí decorrentes.

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