Trump, Temer, Macri etc. resultam do “endireitamento” das Américas

A única diferença entre Michel Temer, de um lado, e, de outro, Donald Trump e demais espécimes de direita que estão vencendo eleições nas Américas do Norte e Latina é que os reacionários estrangeiros estão chegando ao poder legitimamente, através de eleições

A única diferença entre Michel Temer, de um lado, e, de outro, Donald Trump e demais espécimes de direita que estão vencendo eleições nas Américas do Norte e Latina é que os reacionários estrangeiros estão chegando ao poder legitimamente, através de eleições
A única diferença entre Michel Temer, de um lado, e, de outro, Donald Trump e demais espécimes de direita que estão vencendo eleições nas Américas do Norte e Latina é que os reacionários estrangeiros estão chegando ao poder legitimamente, através de eleições (Foto: Eduardo Guimarães)


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A única diferença entre Michel Temer, de um lado, e, de outro, Donald Trump e demais espécimes de direita que estão vencendo eleições nas Américas do Norte e Latina é que os reacionários estrangeiros estão chegando ao poder legitimamente, através de eleições.

Este blogueiro vinha escrevendo há meses nas redes sociais que o risco Trump era concreto. Muitos arrepios me foram causados por aquela história de que o magnata excêntrico estadunidense seria louco demais para ser guindado ao poder por um povo ao qual a direita brasileira costuma atribuir “superioridade” moral e intelectual.

Trump é a prova viva de que nos “esteites” há imbecis tão ou mais prontos e acabados quanto os brasileiros que apoiaram o golpe contra Dilma – e que já começam (alguns) a pagar por isso.

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Digressão relâmpago: com o decreto 8.805, de julho, Temer vai tirar de boa parte dos deficientes físicos que nunca contribuíram para a previdência as aposentadorias-padrão que recebem por invalidez, no valor de um salário mínimo.

Voltando ao “endireitamento” em pauta, tem faltado nas análises políticas, tanto de direita quanto de esquerda, levarem em conta o processo político que se abate sobre o continente americano.

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A esquerda vem se contorcendo em lamúrias e meas culpas pelas derrotas que está sofrendo para a direita sem se dar conta de que está em curso na região um processo de endireitamento que chega ao auge com a vitória de Trump, mas que ainda está longe de terminar.

Na América Latina, Brasil, Paraguai e Argentina já caíram nas mãos da direita por golpes ou eleições. Bolívia e Venezuela ainda estão sob governos de esquerda, mas, recentemente (2016), esses governos já sofreram derrotas eleitorais; Evo Morales não conseguirá disputar novo mandato e a oposição venezuelana agora controla o Legislativo.

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Rafael Correa, do Equador, sofreu derrota eleitoral em 2014; perdeu as principais prefeituras do país para uma oposição tão feroz quanto a venezuelana. E a Colômbia continua onde sempre esteve, na direita.

Só quem tem conseguido governar e fazer avançar conquistas sociais com relativa tranquilidade é o Uruguai de Tabaré Vázquez.

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Na América Central, Honduras eternizou o golpe de 2009 e permanece à direita. Contrasta a terceira eleição consecutiva do esquerdista Daniel Ortega, da Nicaragua, no último domingo. Vale ressaltar que a eleição dele foi uma grande vitória da esquerda devido a uma campanha eleitoral suja que alcançou até o Brasil – confira, abaixo, matéria asquerosa de uma “mundialista” da Veja, seja lá isso o que for.

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Apesar dos “Álamos” de esquerda que resistem pelas Américas, com a vitória de Trump se inverte a situação política do continente na primeira década do século XXI e ele passa a ser controlado por uma direita mais radical e raivosa do que nunca, uma direita que vinha sentindo vergonha de si mesma.—– trump 3

Apesar dos “Álamos” de esquerda que resistem pelas Américas, com a vitória de Trump se inverte a situação política do continente na primeira década do século XXI e ele passa a ser controlado por uma direita mais radical e raivosa do que nunca, uma direita que vinha sentindo vergonha de si mesma.

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Não vale a pena perder muito tempo discutindo quanto Donald Trump é pior do que Hillary Clinton, quem, como a grande maioria dos políticos importantes dos EUA, está longe de ser boa para a humanidade ou mesmo para o próprio povo, que, em parcela relevante, padece com pobreza apesar de viver no país mais rico do mundo.

Ku Klux Klan (também conhecida como KKK ou simplesmente “o Klan”) é o nome de três movimentos dos Estados Unidos que defendem correntes reacionárias e extremistas, tais como a supremacia branca, o nacionalismo branco, a anti-imigração, o nordicismo, o anticatolicismo e o antissemitismo. Todos os três movimentos têm clamado pela “purificação” da sociedade estadunidense e todos são considerados organizações de extrema-direita.

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Recentemente, jornal do grupo supremacista branco Ku Klux Klan declarou apoio a Trump na corrida presidencial, dizendo que os Estados Unidos se tornaram grandes porque foram uma república branca e cristã.

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A publicação “The Crusader”, uma das mais importantes do grupo supremacista, publicou um longo endosso e uma defesa da mensagem de Trump na primeira página do seu mais recente número, sob a manchete “Faça a América Grande Novamente”, mesmo slogan da campanha de Trump.

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Apesar de após muito tempo do recebimento desse apoio espúrio Trump rejeitá-lo, ficou claro que foi mera estratégia. KKK e Trump têm a mesma ideologia sobre vários pontos, como imigração e políticas inclusivas para negros, como ações afirmativas (cotas) etc.

O pior de Trump, como até a mídia conservadora brasileira diz, é sua imprevisibilidade. Apesar de os democratas americanos estarem à direita da centro-esquerda brasileira, os republicanos estão à direita da direita da direita, sendo o presidente eleito dos EUA a expressão máxima desse conceito. Acalentam muitas teses nazistas e fascistas, para dizer o mínimo.

O que impressiona nessa guinada das Américas para a direita, pois, é que ela ocorre após um longo período de bonança latina e de recuperação nos EUA, sob a batuta mais progressista de Obama, em que pesem as acusações contra ele de que teria sua digital no golpe brasileiro.

Internamente, Obama tentou melhorar a situação social dos americanos mais pobres e isso é inegável.

Alguns procuram comparar supostas e reais ações indiretas dos EUA de Obama para interferir em países do Terceiro Mundo que vivem ou viveram crises políticas e até guerras civis com o avanço do aparato bélico dos EUA sobre o Oriente Médio na era Bush, com as “guerras preventivas”, os genocídios no Afeganistão e no Iraque etc.

Não dá, né?

Bush era ruim? Pois Trump é um Bush vitaminado. George Walker Bush tinha algum verniz civilizatório; Trump é um gorila. Vai bater primeiro e perguntar depois. Vai espalhar toda sorte de preconceitos pelo continente. Tempos obscuros se avizinham para a humanidade.

Oremos ou torçamos, porque não dá pra fugir do planeta.

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