Trump quer pular fora, a desescalada é inevitável

"É muito pouco provável que Trump, a essas alturas, venha a escalar o conflito, e isso pode dar a ele a oportunidade de abandonar o Oriente Médio, com a exceção dos Estados do Golfo. Trump quer sair de cena", analisou uma fonte do primeiro escalão da inteligência norte-americana ao jornalista Pepe Escobar

Tropas norte-americanas vão se retirar do Iraque
Tropas norte-americanas vão se retirar do Iraque (Foto: Reuters)


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Por Pepe Escobar, especial para o Asia Times

Tradução de Patricia Zimbres para o 247

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Mesmo antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falando da Casa Branca, ter-se dirigido à opinião pública mundial logo após o ataque de mísseis iranianos em retaliação ao assassinato do Major General Qasem Soleimani, uma fonte do primeiro escalão da inteligência norte-americana já havia me enviado a seguinte análise em resposta a uma pergunta detalhada:

"É muito pouco provável que Trump, a essas alturas, venha a escalar o conflito, e isso pode dar a ele a oportunidade de abandonar o Oriente Médio, com a exceção dos Estados do Golfo. Trump quer sair de cena. O fato de que Israel seria o próximo alvo dos ataques do Irã [como prometido também pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e pelo secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah] provavelmente fará com que os israelenses recuem e evitem ordenar que Trump bombardeie o Irã".

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"O DEBKA-Mossad reconheceu que não há defesa possível contra os mísseis ofensivos do Irã. Seu segredo é que eles voam muito próximos ao solo, abaixo das telas dos radares", acrescentou essa fonte, referindo-se ao míssil cruzeiro Hoveizeh, com alcance de 1.350 quilômetros, já testado por Teerã.

"O que é estarrecedor é o Iraque ter permitido a presença de tropas dos Estados Unidos em seu país depois de mais de um milhão de iraquianos terem sido assassinados pelos Estados Unidos, se incluirmos as 500.000 crianças mortas, como a própria Madeleine Albright reconheceu. Membros da realeza dos Emirados Árabes me disseram que isso acontece porque o Iraque é mais corrupto que a Nigéria". 

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"A pergunta-chave, aqui, é o que terá acontecido com o Míssil Patriota de defesa nessas bases que estavam em alerta máximo - supondo-se que não se trate de algo parecido com os mísseis de Trump atingindo prédios vazios na Síria depois da operação de bandeira falsa do ataque químico", concluiu minha fonte. "Não vi nenhum relato de que a defesa antimísseis estivesse em funcionamento, o que para mim é muito significativo".  

Judd Deere, o secretário de imprensa adjunto da Casa Branca, confirmou na terça à noite a informação que só fui postar no Facebook na quarta pela manhã, porque fui suspenso do Facebook por 24 horas em razão de meu relato sobre o assassinato de Soleimani.

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Na versão da Casa Branca, o Presidente Trump, em um telefonema, agradeceu a Tamim bin Hamad Al Thani pela parceria do Qatar com os Estados Unidos, e os dois conversaram sobre o Iraque e o Irã. 

Segundo minha própria fonte, que é muito próxima à família real do Qatar, Trump de fato enviou uma mensagem a Teerã por intermédio do emir. A mensagem tinha duas camadas. Trump prometia que as sanções seriam canceladas se não houvesse retaliação por parte de Teerã (algo que Trump não teria como garantir, levando em conta a oposição no Capitólio); e que haveria uma desescalada caso a reação de Teerã fosse "proporcional". 

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O próprio chanceler iraniano Javad Zarif descreveu os ataques de mísseis iranianos como uma "reação proporcional". 

E isso explica por que Trump não foi à televisão na noite de quinta-feira para anunciar uma guerra total - por mais altos que fossem os latidos dos neoconservadores que pediam guerra.

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Ainda não temos os detalhes - porque ninguém está falando - mas há muita diplomacia de ultra-alto nível acontecendo nos bastidores, especialmente entre o Irã e a Rússia, com os chineses em alerta máximo, mas mantendo grande discrição.

Há amplo consenso em meio ao Eixo da Resistência de que a China é mais importante do que pensam os próprios chineses. Principalmente no Levante, onde todos veem a China como um futuro parceiro, que progressivamente irá substituir a hegemonia norte-americana. 

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Nas atuais circunstâncias, as conversações diplomáticas entre o Irã e a Rússia trazem o imprimatur chinês - uma vez que há uma forte presença da Organização de Cooperação de Xangai. O Presidente Putin vem participando ativamente nesse tabuleiro de xadrez: ele esteve recentemente na Síria e, em seguida, na Turquia. E, segundo fontes russas, o Ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, vem enviando algumas mensagens adequadas ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em termos nem um pouco vagos.

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