“Trump-dependente”, a extrema-direita brasileira encolheu

"Golpes de estado exigem, sobretudo, segredo. Quem faz não anuncia, quem anuncia não faz", escreve o jornalista Alex Solnik

Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Isac Nóbrega/PR | Divulgação | Ricardo Stuckert)


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Por Alex Solnik 

Não há dúvida que, com a derrota de Trump em 2020, a extrema-direita brasileira encolheu.

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   Era “trumpdependente”.

   Desde que Biden chegou à Casa Branca, Bolsonaro perdeu a classe média que ia pedir intervenção militar na Avenida Paulista.

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   Recorreu a Temer para escrever uma cartinha ridícula, com desculpas pelo que os outros achavam que ele ia fazer.

   Os principais expoentes da extrema-direita  sumiram ou foram expurgados: Weintraub, Ricardo Salles, Ernesto Araújo, Sara Winter, Zé Trovão, Roberto Jefferson.

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   E agora Daniel Silveira vai passar uma temporada em cana.

   Os que foram até o STF em apoio a ele podiam ser contados nos dedos de uma das mãos.

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   Ninguém ameaçou invadir o recinto.

   Bolsonaro ainda ruge de vez em quando, mas é um leão sem dentes. Sem Trump ao seu lado, ficou no mato sem cachorro. Biden fechou as portas da Casa Branca.

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   Desde a II Guerra, as Forças Armadas brasileiras têm estreitas ligações com Washington. Não teriam derrubado a democracia em 1964 sem o aval dos generais de Tio Sam.

   Na época, o embaixador no Brasil, Lincoln Gordon passou  a desinformação ao seu governo de que o presidente João Goulart planejava ser um novo Fidel Castro.

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   Cuba não mais exporta revolução. Nem Cuba, nem outro país algum. 

   Os militares do Pentágono sabem disso. Não há motivo para apoiar a ruptura democrática no Brasil. Talvez até houvesse com Trump, mas não com Biden.

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   E sem apoio de Washington, por mais que haja saudosistas da ditadura na caserna, tanques não vão sair dos quartéis no Brasil.

   Outro sinal da guinada de Bolsonaro para o centro foi a aliança com o centrão. A extrema-direita não tem voto para reelegê-lo. Nem ele tem força para dar um golpe de estado.

   Trata-se de um ato muito grave, criminoso que, se não dá certo, resulta em pesadas penas aos autores. Por isso demanda um planejamento minucioso. E construção de alianças poderosas. 

   Ninguém derruba a democracia sozinho. O candidato a ditador precisa ter apoio dos governadores, das Forças Armadas, do Congresso, da mídia e da população. Assim sucedeu em 1937 e em 1964. 

   Em 1937, Getúlio tinha alta popularidade, era um verdadeiro líder da nação e os governadores comiam em sua mão. Ninguém achou que seria um erro transformá-lo em ditador.

   Em 1964, a imagem do então presidente estava tão em baixa que não pareceu um erro tirá-lo do poder pela força.

   A não ser na bolha de fanáticos que o segue (Jim Jomes também teve milhares de seguidores), e na sua casa, não há quem pense - na imprensa, nas Forças Armadas, na população, no Congresso - que, depois do que mostrou em quatro anos, seria uma boa transformar Bolsonaro em ditador.  

   Golpes de estado exigem, sobretudo, segredo.

   Quem faz não anuncia, quem anuncia não faz.

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