Trocando as bolas

O Bolsonaro no governo me passa a ideia de um cara totalmente despreparado que assumiu o governo por acaso para concretizar uma aposta que fizemos com o destino



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Por Miguel Paiva, para o Jornalistas pela Democracia - Em 1983 o diretor americano John Landis realizou a comédia Trocando as Bolas (Trading Places) com Dan Aykroid e Eddie Murphy. Era a história de um executivo do mercado de capitais que trocava de lugar com um mendigo para realizar uma aposta. O executivo era o branco e o mendigo o negro, é claro. O que temos a ver com isso? O Bolsonaro no governo me passa essa ideia, a de um cara totalmente despreparado que assumiu o governo por acaso para concretizar uma aposta que fizemos com o destino. Será que isso de fato aconteceria? 

Aconteceu, estamos sendo governados por um maluco que não tem nenhuma aptidão para qualquer cargo público ou privado. E estamos perdendo a aposta em todos os sentidos. Ele está nos governando e fazendo tudo errado para que a perda seja total. Até a realidade mudar, ou o filme terminar, vamos ter que engolir essa trapaça do destino.

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Fico assistindo aos telejornais e me surpreendo com a surpresa dos jornalistas. Não sou uma sumidade nem graduado em política, mas alguma intuição e sacação eu tenho. Participei de grupos de estudo quando era jovem, li alguns livros importantes e vivi prestando a maior atenção. Sou um cara de esquerda, por formação e escolha e isso muda um pouquinho mas não justifica tamanha distância entre o meu ponto de vista e o dos outros jornalistas.

Será que, realmente, eles esperavam alguma coisa de diferente do Bolsonaro? Será que imaginavam que o capitão cederia espaço para que a política econômica do Paulo Guedes se realizasse e satisfizesse os simpatizantes neoliberais? Isso até começou a acontecer mas o primeiro problema que surgiu , e que problema, fez com que se revelasse a fragilidade do projeto e a falta de plano B para a economia e para o país. Estamos à deriva, mas para mim é uma tristeza e não uma surpresa. 

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Os mesmo jornalistas que apoiaram, com o silêncio ou com discursos, a deposição golpista da Dilma e através do antipetismo ajudaram a eleger o Bolsonaro hoje se mostram pegos de surpresa. Será possível que mesmo não concordando com o PT, mesmo não querendo o Haddad na presidência, não imaginaram que o dano iria ser bem maior? Suas fartas imaginações de escribas não chegavam à essa distância e com a ajuda da História não conseguiam imaginar o pior? 

Que outro cenário eles esperavam com um presidente claramente envolvido com a ditadura, com filhos suspeitos, milícias de todo tipo, ministros escolhidos no lixo, um histórico de caserna criminoso e uma parceria política da pior qualidade? Nem a experiência do presidente no congresso acendeu nenhum alerta? Caramba, a cegueira atingiu a todos ou, apesar disso tudo, ainda interessava um governo desta linha econômica? São todos escravos da economia como se números fossem capazes de resolver as desigualdades, as injustiças e diminuir a pobreza. Bastou um vírus para desequilibrar todo esse projeto. 

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Mas os que estão no governo são espertos e teimosos. Estão tentando continuar a vida como se nada tivesse acontecido e as mortes que virão na realidade são o preço dessa equação que visa o lucro. Só que, como já disse aqui e repito, um país não é uma empresa. A imagem dos caixões amontoados correm o mundo e não haverá terno do Armani, gravata de seda ou caneta Mont Blanc que disfarce o nosso retumbante fracasso. 

Ou encaramos esse país de novo, começando do melhor lugar onde já estivemos, com o povo se alimentando, consumindo, indo pra escola e sonhando ou terminaremos como um enorme cemitério a céu aberto com já são os esgotos. Não quero mais trocar de lugar com eles. Quero de volta meu país para poder seguir sonhando.

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