Trazei todo o ouro para a casa do pastor do MEC, para que não falte mantimentos e boa educação para a sua família
Vagabundagem em nome de Deus
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Vagabundagem em nome de Deus. É assim que podemos definir o pastoreado de boa parte dos ungidos do “senhor”, que alienam suas ovelhas com discursos de moralidade e retidão, mas não passam de pilantras e vigaristas da fé alheia. Aliás, analisando todo o contexto social no qual estamos todos inseridos, chego à conclusão de que os “cristãos” são as piores pessoas da nossa sociedade. Imaginem um mundo sem igrejas, católicas, protestantes ou evangélicas. Igrejas que ao longo da história foram aliadas do estado, promoveram guerras, inquisições, fogueiras santas e a morte de milhões de pessoas. Talvez, fôssemos mais tolerantes, menos preconceituosos, mais empáticos à história de vida do outro, menos adoecidos e mais amáveis com o os nossos semelhantes. E quem vos escreve é alguém de formação católica.
O que dizer do pastor Arilton Moura, descrito como um membro do gabinete paralelo do MEC, que pediu 15 mil reais e um quilo de ouro para protocolar as demandas da prefeitura do município de Luís Domingues, no Maranhão? Os recursos a serem liberados, destinavam-se à construção de escolas e creches na região. Tendo no comando do Ministério da Educação um pastor terrivelmente evangélico, o governo Bolsonaro instituiu uma espécie de santo ofício da educação brasileira, onde todo conhecimento que possa ser adquirido através de uma educação libertadora, deve ser condenado a fogueira. Isso explica o ódio que eles nutrem por Paulo Freire, o maior educador da história desse país. Um povo liberto através de uma educação que e stimule o senso crítico, não continuaria a manter as casas do tesouro com dízimos e ofertas vultuosas, que só produzem milagres na conta bancária dos líderes religiosos que as administram.
Quando Jair Bolsonaro comemora três anos de um governo corrupto, mas sem corrupção, devemos entender que, para ele, corrupção é uma palavra que apenas se aplica a esquerda. O que ele e seus comparsas fazem, é administrar o dinheiro público da maneira que julgam correta. Ou seja, privilegiando os seus aliados. Se o pastor Milton Ribeiro, o seu Ministro da Educação, prioriza a liberação de verbas para prefeituras que tem como intermediários na negociação dois pastores da sua quadrilha, isso não é corrupção. Até porque, segundo o próprio Ministro, a recomendação teria partido do governo. Como combatente da corrupção, Bolsonaro é um grande pastor. Desses que colocam os seus interesses pessoais acima de Deus e de todos.
Milton Ribeiro e sua camorra neopentecostal, acabam de reescrever o capítulo 3, versículo 10 do livro de Malaquias. “Tragam um quilo de ouro à casa do pastor, para que não falte mantimentos e riqueza para a sua família, e depois fazei prova de mim nisto”, diz o senhor Arilton Moura, “e vejam se eu não vou liberar as verbas e derramar sobre vós tantos recursos que nem terão onde investi-los. “ Se levarmos em conta que Deus é o dono do ouro e da prata e que o pastor é seu filho ungido, é natural que ele exerça a sua condição de herdeiro e exija o ouro ao qual tem direito. E todos sabemos que a educação vale ouro. Principalmente, quando ela é oferecida com dignidade à uma população que tem o direito constitucional de receb e-la. Embora, Jair Bolsonaro já tenha dito que investir em educação é perda de tempo, porque o povo não está preparado para ser educado.
O que esperar de um Ministro da Educação que associou adolescentes que “andam no caminho do homossexualismo (sic) ”, ao contexto de famílias desajustadas? O que esperar de um educador terrivelmente cristão, se todos os terrivelmente cristãos são assassinos da existência humana que não se assemelha a sua? Esse caso dos pastores negociadores de verbas para a educação, é apenas um recorte do projeto de poder neopentecostal que já vimos denunciando há tempos aqui no Brasil 247. A instituição de um estado teocrático de direito, onde o deus é o ouro, o dinheiro, o dízimo, as verbas públicas, as “rachadinhas”, e as justificativas de natureza religiosa orientam o poder instituído e naturalizam a corrupção como algo divino e inspirado por deus.
Pastores como Arilton Moura, Milton Ribeiro, Silas Malafaia, Edir Macedo e cia, deram um golpe no diabo e tomaram dele o cargo de pai da mentira. São eles que agora reinam nas trevas, enganando, mentindo, trapaceando e conduzindo ovelhas carentes de tudo a um precipício social, de onde são atiradas sem a menor piedade acreditando que estão indo para o céu. Obsessores espirituais travestidos de servos de Deus, que ajudaram a entronizar em muitos lares um deus fascista e neoliberal que odeia pobres e faz de tudo para subjuga-los e destruí-los. O oposto do que Jesus Cristo pregava. Um deus escravizador de mentes e explorador da mão de obra dos mais pobres, que apoia a retirada de direitos dos trabalhadores, para aumentar o lucro dos mais ricos.
Enquanto os vendilhões da fé desfrutam das riquezas que o seu cargo religioso lhes permite, a maioria do povo brasileiro se contenta com o “ouro de tolo” que Raul Seixas um dia cantou, e agradece ao Senhor por ter lhe concedido o domingo para ir com a família a Igreja dar dinheiro aos lobos. Mas que sujeito chato é você que não acha isso engraçado e que não aceita o “Jesus” que eles vendem a preço de ouro? Eles ainda deixam você pagar no dinheiro, no boleto, em cheque, via pix ou no cartão. Só não pode esquecer de informar a senha. A salvação da alma e a vida eterna dependem da sua oferta. Já a libertação da sua consciência para a construção de uma sociedade mais justa no planeta o qual habitamos, depende da educa&c cedil;ão transformadora que eles não querem que o povo receba. Conhecimento vale ouro. Não seja tolo.
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