Transações “off label” nas barbas de Pazuello

"O inacreditável é que nos dois casos revelados até agora - Covaxin e Davati - tudo aconteceu sem que Pazuello tomasse qualquer providência. Ou era incompetente a ponto de não saber o que acontecia nas suas barbas ou sabia e estava protegendo os envolvidos", escreve o jornalista Alex Solnik

(Foto: Agência Senado)


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Por Alex Solnik 

Nas barbas de Pazuello rolavam tenebrosas transações no ministério da Saúde. O depoimento de hoje à CPI da Covid não deixou pedra sobre pedra. O homem da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho (homem da Davati numas porque a empresa não tem sequer CNPJ no Brasil) revelou a rede de funcionários e ex-funcionários sedentos por negócios milionários. E transações “off label”.

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Ele citou oito envolvidos na operação, seis dos quais militares, mas a estrela foi, mais uma vez, Ricardo Ferreira Dias, com suas insistentes mensagens a Cristiano. Além dele, os mais “interessados” na concretização do negócio eram o coronel Blanco, que perguntou de quanto seria o “comissionamento” e negociava vacinas apesar de estar fora do ministério desde janeiro e o coronel Helcio Bruno, presidente da ONG Força Brasil, que é mais bolsonarista que Bolsonaro e divulgava mensagens contra a vacina. 

Ao lado dos militares entrou em cena o “reverendo” Amilton Gomes, o tal que faltou à CPI por falta de saúde. O papel dele ficou esclarecido. Ele “emprestaria” o CNPJ da Senah (Secretaria Nacional de Ajuda Humanitária) para a transação, já que a Davati não tem. E também abriria portas até Bolsonaro. 

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O depoente também mostrou, com documentos, que o “reverendo” negociava vacinas com os governos do Paraguai e da Arábia Saudita. 

Deu pra entender que a Davati é uma intermediadora de medicamentos de reputação duvidosa, tal como a Precisa. São concorrentes. E suas negociações nebulosas com o ministério da Saúde ainda estão para ser conhecidas em todos os detalhes. 

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O inacreditável é que nos dois casos revelados até agora - Covaxin e Davati - tudo aconteceu sem que Pazuello tomasse qualquer providência. Ou era incompetente a ponto de não saber o que acontecia nas suas barbas ou sabia e estava protegendo os envolvidos. Cabia a ele comunicar a Bolsonaro ou à PF a denúncia feita pelos irmãos Miranda.

O fato também notório é que o papel de Pazuello no ministério era vigiar os subordinados. Está se vendo que esse não era o seu forte.

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Embora não tenha cumprido sua missão, foi recompensado com uma boquinha sob as asas de Bolsonaro.

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