Tragédia maior do que as nossas próprias forças

Aumentar a sordidez da campanha presidencial mais imunda desde 1989 parecia impossível. Menos para a Veja



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Nunca me identifiquei tanto com o Glauber Rocha de Terra em Transe quanto agora, ao presenciar a campanha presidencial mais imunda desde a redemocratização. Vejo-a e relembro o desabafo do poeta Paulo Martins (Jardel Filho), que cai como uma luva para o show de aberrações e de horrores que nos é imposto:

"As coisas que vi naquela campanha! Uma tragédia muito maior do que nossas próprias forças!"

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De um lado, mentiras e falácias transformadas em trunfos; a aposta na fanatização dos prosélitos e no embotamento do espírito crítico; o recurso à manipulação mais ignóbil por parte de quem deveria despertar a consciência dos explorados, não tangê-los como rebanho para as urnas; a satanização de uma mera educadora só porque convém aos falsários fazê-la passar por banqueira; a interpretação totalmente deformada do que seja a independência do Banco Central, na verdade uma forma de evitar que decisões técnicas fiquem à mercê da vil politicalha; a atribuição à adversária de intenções que ela nunca teve nem manifestou, como a de anular conquistas dos trabalhadores, etc.

É cópia escrachada dos métodos de Goebbels, sim, como eu denunciei muito antes do que qualquer vice! É puro stalinismo, sim, uma exumação do maniqueísmo mais selvagem dos tempos da guerra fria! É a política de hoje chafurdando nos esgotos do passado.

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Do outro lado, as armações ilimitadas da revista veja, com seu acesso ilegal a inquéritos que deveriam estar resguardados pelo segredo de Justiça, para pinçar acusações bombásticas contra a candidatura palaciana. Na edição deste sábado (27), a novidade é que Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada à Polícia Federal, teria acusado a campanha de 2010 da Dilma de, por intermédio do terror dos caseiros Antonio Palocci (sempre ele!), haver pedido R$ 2 milhões, com urgência, ao esquema de corrupção da Petrobrás.

Isto, evidentemente, não poderá ser apurado nos nove dias que antecedem o 1º turno, mas vai servir para lançar uma grave suspeita sobre a presidenta, capaz de modificar intenções de voto. E, se confirmado pela investigação policial, terá consequências imprevisíveis na eventualidade de uma reeleição (vale, contudo, ressalvar que, levando em conta apenas o que foi divulgado até agora, seria difícil inculpar Dilma pelo suposto ou real pedido do Palocci --este poderia, p. ex., assumir a culpa sozinho, com a coisa morrendo por aí).

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De qualquer forma, é tentativa de assassinato de reputação para influenciar a eleição mediante a utilização de jogo sujo e golpes baixos, exatamente como o PT faz com Marina Silva. Alguns consideram válido usar feitiços contra feiticeiros. Eu gostaria é de ver os dois tipos de bruxos assando juntos numa fogueira (simbólica, claro...).

E pensar que tantas vezes fui às ruas clamar por eleições diretas, até que finalmente consegui votar pela primeira vez para presidente da República... aos 39 anos de idade! Mesmo tendo mantido sempre um pé sensatamente atrás, evitando superestimar a democracia burguesa, nem de longe adivinhava o tamanho da decepção e do desencanto que viriam.

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