Tragédia da Covid confirma papel nefasto do bolsonarismo

"Reportagem mostra uma verdade simples: quanto maior o apoio a Bolsonaro numa cidade, maior o número de vítimas da pandemia," escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Mauricio Vieira/Secom | Bruno Kelly/Reuters)


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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Numa semana em que o país debate a presença  de Jair Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello no palanque de motoqueiros no Rio de Janeiro, um estudo que procura avaliar o impacto das ideias bolsonaristas no propagação da Covid-19 chegou a uma conclusão impossível de questionar. 

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Comparando o número de casos -- e de óbitos -- no conjunto dos 5570 municípios brasileiros com a influencia local do bolsonarismo no segundo turno da eleição presidencial, uma reportagem de Ricardo Mendonça publicada pelo Valor Economico chegou a uma verdade sustentada pela estatística.   

"Quando maior o porcentual de votos obtidos por Jair Bolsonaro em 2018, maior é a taxa de contaminação pelo coronavírus. Quanto menor a adesão que Bolsonaro teve, menos frequentes são os casos de Covid-19", escreve Mendonça. (Valor Economico, 24/05/2021).  

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Simples assim. No único município brasileiro onde Jair Bolsonaro teve mais de 90% dos votos, os casos de Covid atingiram uma média recorde -- 11,4 casos por 100 000 habitantes. Nas cidades onde a votação de Bolsonaro ficou entre 80% e 89% dos votos, os casos atingiram 10,4 por 100 000. Quando a votação ficou entre 70% e 79,9%, a média ficou em 8,9 por 100 000, e assim até os 108 municípios onde a Bolsonaro obteve menos do que 10% dos votos. Neste caso, a presença de covid limitou-se a 3,7 pord 100 000 habitantes. 

Em outra tabela, que reune os 15 municipios em que Bolsonaro obteve a maior votação -- um em São Paulo três no Rio Grande do Sul, os demais em Santa Catarina -- os índices são terríveis. Chegam a a 22,5 por 100 000 habitantes. 

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Já nos locais onde Bolsonaro teve menos de 10% dos votos válidos, a taxa é de 3,7 por 100 000 habitantes. 

"Por qualquer angulo que se examine, as taxas de contaminação são sempre maiores nos locais em que Bolsonaro foi mais votado," escreve Mendonça, apoiado em inúmeros gráficos que ilustram a reportagem. 

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Quando se compara o número de óbitos,  a conclusão é semelhante. Nas cidades onde a votação de Bolsonaro ficou abaixo dos 10%, as mortes ficaram em 70 por 100 000 habitantes. Nos locais onde recebeu 80% dos votos ou mais, "há 206 óbitos por 100 000". 

Seria uma irresponsabilidade imaginar que esses dados traduzem uma simples casualidade. Apenas refletem, no drama de cada cidade, uma postura diretamente associada a decisões de natureza política. 

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Na verdade, os dados publicados na reportagem espelham uma realidade que há tempos intriga cientistas e pesquisadores. da pandemia. 

“Esses dados são chocantes”, afirma o epidemiologista Pedro Hallal, ouvido pelo Valor Econômico, que meses atrás apurou dados compatíveis com o levantamento publicado pelo jornal.  Professor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil, Hallal estabelece um paralelo histórico com uma tragédia ocorrida há décadas, com a epidemia da AIDS. “Da mesma forma como o negacionismo foi responsável pelo crescimento da epidemia de HIV na África do Sul algumas décadas atrás, agora o negacionismo é responsável por mais de 300 mil mortes no Brasil". 

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Como já se demonstrou na CPI, a marca de 450 000 mortos atingida pelo Brasil de nossos dias constitui o saldo inevitável da ação de um  governo que desperdiçou todas oportunidades para vacinar a população e até hoje se recusa a fazer campanhas para estimular o uso de máscaras,  evitar aglomerações e ensinar todo mundo a lavar as mãos com frequência. 

Em vez disso, a prioridade é desfilar em motocicletas.  

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