Tortura derrubou a ditadura e está derrubando Bolsonaro
"Os eleitores demoraram a perceber que o programa de governo de Bolsonaro era a volta da ditadura, da censura e da tortura enquanto eram bombardeados a todo momento com mensagens no WhatsApp que difamavam seu adversário e faziam o culto à sua personalidade", diz o colunista Alex Solnik; "O tom enfático e dramático da propaganda de Haddad na TV nos últimos dias também ajudou a mudar o rumo da eleição que parecia definida", afirma; segundo o jornalista, o povo não admite "que o estado torture seus cidadãos sob nenhum pretexto"; "A tortura derrubou a ditadura e está derrubando Bolsonaro"
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A ditadura militar inaugurada em 1964 começou a cair no dia 25 de outubro de 1975. Nessa data o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado sob tortura no DOI-Codi, que operava clandestinamente – pero no mucho - dentro das instalações do II Exército, em São Paulo.
A repercussão foi enorme, estimulada pela missa ecumênica de 7º. Dia na Catedral da Sé, comandada por Dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor James Wright. Os brasileiros ficaram sabendo que a tortura não era um boato espalhado por subversivos para minar o regime; estava sendo empregada sistematicamente pelo estado brasileiro contra seus adversários políticos.
A luta contra a ditadura se fortaleceu, espraiando-se para além dos limites dos brasileiros politizados. Aos esquerdistas que denunciavam a barbárie somaram-se donas de casa, executivos, gerentes, pequenos comerciantes, gente de centro, de direita ou sem tendência política definida.
O ditador Ernesto Geisel demitiu o comandante do II Exército por ocasião de outra morte sob tortura, do operário Manuel Fiel Filho, logo depois da de Vlado. Daí em diante o movimento contra a ditadura saiu às ruas e não parou de crescer. Quatro anos depois Geisel assinou a anistia ampla, geral e irrestrita que libertou todos os presos políticos. Nunca mais houve tortura de estado com fins políticos no país. Os sete anos de terror (1968-1975) haviam terminado.
Fenômeno semelhante está ocorrendo agora. Os eleitores demoraram a perceber que o programa de governo de Bolsonaro era a volta da ditadura, da censura e da tortura enquanto eram bombardeados a todo momento com mensagens no WhatsApp que difamavam seu adversário e faziam o culto à sua personalidade. A campanha pelo WhatsApp não deixava os eleitores pensarem. Estavam enfeitiçados.
Depois de o próprio WhatsApp acabar com a farra criminosa - alertado pela matéria da Folha -cancelando contas e assinantes bandidos e dessa forma paralisando a máquina de propaganda subliminar da extrema-direita, os eleitores puderam prestar mais atenção à campanha de Haddad que levou para a TV suas declarações de apoio à tortura, e então se deram conta de que ele apoiava mesmo a tortura, que é crime hediondo, proibido por lei no Brasil e repudiada em todo o mundo civilizado. E por todas as pessoas civilizadas.
O tom enfático e dramático da propaganda de Haddad na TV nos últimos dias também ajudou a mudar o rumo da eleição que parecia definida. O até então pacato professor partiu pra cima do fascista, como muitas pessoas estavam recomendando, inclusive eu. Saiu da defesa para o ataque, forçando o outro a se defender.
Os episódios de domingo passado – seu filho deputado falando em fechar o STF com "um cabo e um soldado" e ele prometendo banir do país "os vermelhos" e jornais como a Folha – contribuíram decisivamente para os brasileiros de bem perceberem a tempo o erro que estavam cometendo, envenenados pelas calúnias do WhatsApp.
Os brasileiros ainda são os mesmos. Tal como em 1975, eles têm bom coração, não admitem que o estado torture seus cidadãos sob nenhum pretexto.
A tortura derrubou a ditadura e está derrubando Bolsonaro.
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