Tombini: pombo ou falcão?

"O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi julgado e condenado por eventuais falhas na sua comunicação – e não pela decisão em si de manter inalterada a taxa de juros", diz Leonardo Attuch, editor do 247;  "para determinada ala do mercado financeiro, era melhor que o presidente do Banco Central errasse com a convicção e a teimosia de um falcão do que acertasse com a humildade e a capacidade de correção de rota de um pombo"; decisão foi acertada porque não faz sentido algum subir em juros em plena recessão

"O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi julgado e condenado por eventuais falhas na sua comunicação – e não pela decisão em si de manter inalterada a taxa de juros", diz Leonardo Attuch, editor do 247;  "para determinada ala do mercado financeiro, era melhor que o presidente do Banco Central errasse com a convicção e a teimosia de um falcão do que acertasse com a humildade e a capacidade de correção de rota de um pombo"; decisão foi acertada porque não faz sentido algum subir em juros em plena recessão
"O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi julgado e condenado por eventuais falhas na sua comunicação – e não pela decisão em si de manter inalterada a taxa de juros", diz Leonardo Attuch, editor do 247;  "para determinada ala do mercado financeiro, era melhor que o presidente do Banco Central errasse com a convicção e a teimosia de um falcão do que acertasse com a humildade e a capacidade de correção de rota de um pombo"; decisão foi acertada porque não faz sentido algum subir em juros em plena recessão (Foto: Leonardo Attuch)


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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi o personagem da semana. Isso porque, dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária, que manteve, por seis votos a dois, a taxa básica de juros em (ainda altíssimos) 14,25% ao ano, ele soltou um comunicado sinalizando que poderia reavaliar sua posição diante da intensidade da crise internacional e da recessão interna. Assim, Tombini, que antes vinha sendo considerado ‘hawkish’ (um falcão), passou a atuar como ‘dovish' (um pombinho), no jargão do mercado financeiro.

Tombini foi julgado e condenado por eventuais falhas na sua comunicação – e não pela decisão em si. Ou seja: para determinada ala do mercado financeiro, era melhor que o presidente do Banco Central errasse com a convicção e a teimosia de um falcão do que acertasse com a humildade e a capacidade de correção de rota de um pombo. O grande problema, dizia-se, era a comunicação errática do BC, que numa hora apontava uma direção e, em seguida, outra.

O que poucos discutiram, no entanto, foi a qualidade da decisão. Qual seria a lógica de aumentar a taxa de juros numa economia em plena recessão, que trouxe vários dados alarmantes na semana passada? Só para refrescar a memória, foram cortados 1,5 milhão de empregos em 2015, a arrecadação caiu mais de 5% diante da retração do consumo e nada menos que 59 milhões de brasileiros começaram 2016 no vermelho. Diante desse quadro, onde estaria a inflação de demanda que poderia ser combatida por uma política monetária tão restrititiva?

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Antes da decisão do Copom, até mesmo economistas conservadores, como Luiz Carlos Mendonça de Barros, advertiam para o erro que seria elevar a Selic. Em Davos, o banqueiro Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, considerou acertada a decisão do BC. Quem também a aplaudiu foi o senador José Serra (PSSB-SP). Até porque o “custo Selic” já ultrapassa a conta de R$ 500 bilhões ao ano no Brasil e é um dos principais fatores de concentração de renda no País, transferindo recursos de toda a sociedade para os chamados “rentistas".

Nos próximos dias, Tombini será testado pelo mercado. A inflação brasileira tem sido determinada, sobretudo, por preços administrados e um grau ainda elevado de indexação. Outro fator que puxa os preços para cima é a alta do dólar, mas, no contexto atual, de demanda anêmica, há pouquíssimo espaço para reajustes na economia.

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