Todo poder emana do povo? Segundo Bolsonaro, emana dos militares

“Jair Bolsonaro acaba de cometer mais um crime de responsabilidade, ao negar a Constituição brasileira e ameaçar implantar uma ditadura no Brasil, depois de ser derrotado na ´guerra das vacinas´”, diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247. “A única saída é o impeachment”

O poder militar no governo Bolsonaro.
O poder militar no governo Bolsonaro. (Foto: Fernando Frazão/Agencia Brasil)


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Se você acreditava que a constituição brasileira garante o regime democrático, ao deixar bem claro, em seu artigo primeiro, que “todo poder emana do povo”, saiba então que Jair Bolsonaro discorda. Nesta segunda-feira, depois de ser derrotado na ´guerra das vacinas´, ele explicitou que tem uma visão bastante peculiar da democracia. Na sua visão, este não é um direito inalienável dos brasileiros, mas sim uma concessão temporária dos militares, que podem retirá-la de nós a qualquer momento, a seu bel prazer.

"Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam", disse ele.

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Bolsonaro, evidentemente, cometeu mais um crime de responsabilidade. Não apenas porque negou a constituição que prometeu jurar, como também porque voltou a ameaçar o Brasil com um regime autoritário. Não por acaso, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, que presidiu o Supremo Tribunal Federal, concedeu nesta segunda-feira uma entrevista premonitória em que defendeu o impeachment justamente porque Bolsonaro representa uma ameaça permanente ao regime democrático. "Pelo artigo 78, o presidente assume o compromisso de observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro. Ou seja, não é representante dos que votaram nele, dos ideólogos que pensam igual a ele. É de todo o povo. Menos incontinência verbal e mais continência à Constituição. A sociedade civil vai entendendo que o regime democrático é para impedir que um governante subjetivamente autoritário possa emplacar um governo objetivamente autoritário”, disse Ayres Britto.

Bolsonaro já colocou suas cartas na mesa. O que resta saber é se a sociedade brasileira tem forças para reagir e se as Forças Armadas estão fechadas com o golpismo ou com a democracia e a constituição brasileira.

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