Tiros contra acampamento atingem todos nós

"As balas de Curitiba representam uma tentativa de resolver pela força uma disputa política que a população quer decidir pelas urnas", explica Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Depois do assassinato de Marielle Franco e dos ataques a caravana de Lula, pretende-se transformar a violência homicida, de natureza fascista, num elemento banal da disputa política do país". Para PML, "mais do que nunca é preciso reforçar os atos de 1 de maio como uma manifestação em defesa dos direitos dos trabalhadores e pela unidade em defesa da democracia. Não haverá saída para a crise fora da mobilização popular"

acampamento
acampamento (Foto: Paulo Moreira Leite)


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Os 20 tiros contra o acampamento de Curitiba colocam a crise política num novo patamar de gravidade.

Está claro, agora, que a violência -- em grau homicida -- deixou de ser um lance episódico para se incorporar ao cotidiano  como um instrumento de ataque às forças que resistem a miséria, à perda de direitos e à  entrega do país aos senhores do capital financeiro e ao império norte-americano.

Não vamos perder a lucidez. Um ataque com tamanho grau de periculosidade só ocorre quando os seus autores têm certeza de que jamais serão encontrados. Sabem que poderão contar com a conivência -- se não for coisa pior -- de autoridades que tem obrigação de proteger uma população pacífica, que batalha 24 horas por dia para defender suas condições de vida e não abandonou o sonho de construir um país melhor para filhos e netos.

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A responsabilidade pelos tiros de ontem, que se somam ao assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, e aos ataques contra a caravana de Lula, cabe às lideranças que não aceitam a democracia e pretendem conservar o poder de Estado pela força, pela intimidação e pelo assassinato. Adotam métodos típicos do fascismo, uma das latrinas da pior experiência humana. 

Representam uma tentativa de resolver à bala  uma disputa política que a maioria do população quer resolver pelas urnas, pelo voto livre e democrático, de acordo com o calendário e as regras estabelecidas pela Constituição. Não é apenas pela simbologia que o ataque se dirige a militantes empenhados na defesa dos direitos de Lula, a começar por sua liberdade. 

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Na origem desse movimento assassino, encontra-se uma derrota política. Enquanto assombrações fantasiadas de candidatos desfila pelo país, embelezados pelos oligopólios da mídia e solenemente ignoradas pela maioria do eleitorado, o único candidato conhecido e legítimo, com autoridade  para pacificar o país em bases democráticas,  encontra-se encarcerado numa cela solitária, a pouca distância dos tiros de ontem, sem que se apresente um fiapo de prova para justificar uma condenação de 12 anos e um mês. 

O dado politicamente relevante, que deve orientar nossa visão de futuro, é este.

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A reação da maioria dos brasileiros e brasileiras à prisão de Lula e ao veto a sua candidatura desmoraliza a ditadura judicial que pretende dirigir o sistema político.

A perda de credibilidade da Lava Jato é o ponto essencial da crise. Não é só uma questão jurídica. Revela a incapacidade congênita dos tribunais para apontar uma saída aceitável para o  país, ainda mais numa conjuntura de  desemprego em alta, o salários no chão e a festa dos patrões do dinheiro e do poder de Estado num patamar inaceitável de arrogância e indecência.

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 Incapazes de produzir um candidato competitivo nas urnas, a Lava Jato e seus aliados pretendem  garantir o resultado final pela destruição programada do concorrente que consideram indesejável. 

 O fundo do problema, está aqui. Reside na persistência do povo em defender a democracia. Apesar de toda pressão, das denuncias fabricadas, das inúmeras demonstrações de força e tentativas de intimidação, a vontade de democracia não foi quebrada. 

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Essa força explica o impulso assumido pela campanha Lula Livre, hoje um elemento real da vida do país.

A consciência democrática persiste e explica, dentro do próprio Supremo Tribunal Federal, movimentos legítimos de defesa da Constituição e direitos individuais. 

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O Brasil dos brasileiros e brasileiras não baixou a guarda e não recuou. A violência desta madrugada é a reação criminosa de quem se percebe incapaz de fazer valer seus interesses políticos sem empregar o jogo sujo e da covardia.

A resposta deve ser a unidade em defesa da democracia e a denúncia da violência contra os trabalhadores e trabalhadores, suas lideranças e organizações. Trata-se, acima de tudo, de uma luta política, de articular partidos e lideranças sociais que representam a maioria dos brasileiros, que rejeitam saídas que abrem o caminho para uma ditadura. A gravidade da situação define a linha divisória. 

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Neste caminho, mais do que nunca é preciso reforçar os atos de 1 de Maio, em Curitiba e nas demais cidades brasileiros. A importância de contribuir para grande manifestação nesta conjuntura dispensa muitos comentários. É preciso uma resposta a altura, pois não haverá saída sem uma ampla mobilização popular. Pode parecer pouco mas é o decisivo.

Não custa lembrar que uma das finalidades essenciais dos ataques fascistas consiste em fazer o povo duvidar de suas próprias forças e capacidade de resistência. 

É possível, diante dos tiros de Curitiba, recordar as palavras de advertência do reverendo Martin Niemoller, testemunha da ascensão do nazismo na Alemanha de Hitler:

Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"

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