Terrorismo de Estado bolsonarista é barbárie anunciada

"O fascismo é um vetor de subjetivação que atua através do medo", escreve a colunista Carla Teixeira

Ato contra Jair Bolsonaro e, no círculo, o militante Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR)
Ato contra Jair Bolsonaro e, no círculo, o militante Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) (Foto: Oliven Rai / Mídia Ninja - Reprodução)


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O assassinato do guarda municipal e líder do PT, Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, no Paraná, é mais um episódio da violência política que promete tomar conta das eleições gerais de outubro. De acordo com relatos, o bolsonarista Jorge José da Rocha invadiu a festa de Marcelo Arruda, cuja temática era Lula e PT, ameaçou os presentes e desferiu três tiros contra o aniversariante enquanto gritava: “aqui é Bolsonaro, aqui é mito!”.

Diante dessa tragédia, vale registrar que o presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) - aposentado como capitão do Exército aos 33 anos por planejar explosões em unidades militares do Rio de Janeiro -, defendeu o assassino. Também incentiva todos os dias a radicalização da disputa eleitoral enquanto o Poder Judiciário, os militares e a mídia assistem com permissiva conivência e cumplicidade.

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Em sua tradicional live de quinta-feira, Bolsonaro convocou seus apoiadores e aqueles que odeiam a esquerda a agir. Na mesma noite, uma bomba explodiu em ato pró-Lula, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. No final de semana seguinte, Marcelo Arruda foi assassinado. Era uma ação contínua a de junho, em Uberlândia, Minas Gerais, quando bolsonaristas jogaram substâncias químicas e mau-cheirosas em apoiadores da manifestação Lula-Kalil.

Convém lembrar que, em 2018, a caravana de Lula foi alvejada a tiros também no estado do Paraná sem que qualquer pessoa fosse punida pelo ato. Naquele mesmo ano, Jair Bolsonaro apareceu nas páginas da grande imprensa afirmando que era necessário “fuzilar a petralhada”, em evento de campanha no estado do Acre. A sucessão dos fatos não é mera coincidência, mas uma prática aberta de Terrorismo de Estado.

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Terrorismo de Estado pode ser definido como a imposição do terror através de ferramentas do Estado combinadas com recursos da coletividade para a eliminação dos adversários considerados inimigos. Durante a Ditadura Militar (1964-1985) essa prática tornou-se corrente a partir de sequestros, raptos, prisões ilegais, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres. Para o sucesso das ações, esses grupos contavam com a publicação de versões falsas divulgadas pelos jornais da grande mídia que ofereciam aos fatos a legitimidade de narrativas jornalísticas.

A partir do declínio da ditadura militar, organizações anticomunistas radicais atuaram para impedir o processo de redemocratização no Brasil. O “Comando Delta”, organização de fachada criada pelo DOI-CODI, realizou cerca de 74 atos terroristas entre janeiro de 1980 e abril de 1981. As ações variaram entre explosões de bancas de jornais e revistas, gabinetes de parlamentares, redações de jornais e universidades pelo país.

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Entre tantos, o caso mais emblemático foi o frustrado atentado ao Riocentro, no Rio de Janeiro. Em 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu no colo do sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário, que morreu na hora, e deixou ferido o capitão paraquedista Wilson Luís Chaves Machado, que servia no DOI-CODI do I-Exército. A bomba, prevista para explodir no meio do público, trouxe à tona o plano violento da extrema-direita militar: atribuir o atentado aos grupos de esquerda e assim prejudicar o avanço da redemocratização.

Desde aquele período, é evidente a intenção de criminalizar progressistas que lutam em defesa da democracia no Brasil. Ao tratar do assassinato político de Marcelo, os jornais da grande imprensa publicaram reportagens que culpavam a “polarização” entre Lula e Bolsonaro como a causa da violência. Convenientemente, não mencionaram que é apenas o presidente da República que estimula o ataque físico contra militantes de seus adversários políticos e integrantes dos poderes da República. Com isso, os jornalões tentaram esconder o crime de ódio e se tornaram, mais uma vez, cúmplices da barbárie fascista.Em contrapartida às reportagens tendenciosas, colunistas da grande imprensa não puderam negar o papel de incentivo que Jair Bolsonaro teve no episódio do assassinato de Marcelo Arruda. Mas Jair não está só. Conta com os militares mamateiros - viúvas assanhadas daquela extrema-direita aparentemente derrotada na redemocratização - que seguem no ataque diário ao sistema eleitoral e às instituições. Sem descanso, preparam um plano de fiscalização paralela para as eleições. Aterrorizam nas ruas e nas instituições para tentar manter o poder a qualquer custo.

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O fascismo é um vetor de subjetivação que atua através do medo. Com a tendência de derrota eleitoral, Jair Bolsonaro e seus aliados tocam o terror, contando com a ação de seus seguidores fanáticos na tentativa de afugentar seus adversários. Com coragem, responsabilidade e organização é preciso dobrar a aposta, pois apenas a mobilização popular irá garantir as eleições deste ano.

Os responsáveis pelos atos públicos precisam criar grupos de resistência com a missão de garantir a segurança física dos presentes, principalmente quando houver crianças e idosos. À mídia cabe denunciar a violência e o avanço autoritário. O judiciário, por sua vez, precisa ser firme não apenas punindo os culpados por crimes de ódio, mas coibindo Bolsonaro e os militares achacadores em seus arroubos. Estejamos fortes e vigilantes: com a barbárie anunciada, todos que se mantiverem inertes e passivos serão cúmplices incontestáveis da tragédia.

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