Terror, o terror e mais terror

"Que fique claro: a ditadura bolsonarista será mil vezes pior que a ex-ditadura militar", escreve Carlos D´Incao

(Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)


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Não há espaço moral para a neutralidade em um momento agudo que atravessa o Brasil. Estamos com parte do povo e instituições que entenderam que estamos à beira do abismo, o qual cairemos em uma eventual vitória de Bolsonaro. Por outro lado, temos a grande imprensa tradicional e o TSE que brincam de “Suíça” (país que ficou neutro ao longo da segunda guerra mundial) e, por fim, temos o inimigo fascista.

A imprensa e o TSE já perceberam que Bolsonaro é hostil às instituições democráticas e acenam de maneira simpática ao Lula. Mas estão longe de entrarem na luta. O dever da imprensa seria fazer com Bolsonaro exatamente o que fizeram com Lula há alguns anos atrás: deveria massacrá-lo em editoriais, expor a verdade dos fatos e os perigos de sua reeleição. Em relação ao TSE, caberia suspender todas as redes sociais até o dia das eleições e culpabilizar a chapa de Bolsonaro por essa medida extrema. Outra saída seria impugnar ou colocar sob Júdice a sua candidatura. 

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Esses setores estão plenamente alienados do que será uma ditadura civil, que se instaurará no caso da eleição de Bolsonaro. Em primeiro lugar, ele vai assumir o controle do STF aumentando suas cadeiras. Em segundo lugar, vai turbinar a Lei de Segurança Nacional. Daí para frente não haverá mais espaço para a democracia. A imprensa oposicionista será processada até ir à bancarrota (Folha de São Paulo, Estadão e Rede Globo serão os primeiros grupos) e os assassinatos políticos ficarão à cabo dos milicianos que formarão o novo esquadrão da morte do fascismo.

Que fique claro, a ditadura bolsonarista será mil vezes pior que a ex-ditadura militar. Pois em regra, as ditaduras civis são de fato mais perversas, longas e violentas do que as militares. Os militares quando realizam um golpe, arrombam uma porta de entrada, mas já possuem uma porta de saída - qual seja - o retorno à caserna.

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Uma ditadura civil é formada por elementos que assumem o controle do Estado através da fraude eleitoral (como vemos acontecer em nossos dias) e não possuem porta de saída. O plano é criarem raízes e ficarem no poder “ad infinitum”. A ditadura portuguesa de Salazar em Portugal, por exemplo, foi a mais longa da História da Europa e só terminou devido às derrotas militares nas guerras anti-coloniais em Moçambique e Angola. Ou seja, foi derrubada pelo próprio exército.

Aqui o exército já está corrompido pelo bolsonarismo. As forças de segurança são demasiadamente disciplinadas para qualquer tipo de enfrentamento popular e os milicianos estão presentes para impôr o terror e culpabilizar as mobilizações populares como responsáveis por eventuais tumultos que eles mesmos irão criar. 

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O controle da mídia pelo medo, pelos processos judiciais, pela Lei de Segurança Nacional e pelo terrorismo puro e simples se tornarão cotidianos, levando à auto-censura. Nas ruas, teremos milhares de “Marielles” sumindo ou sendo assassinadas por culpa da “violência urbana”. A polícia civil e a polícia federal já estão também emparelhadas. 

Diferentemente do que ocorreu com a covarde Suíça, aqui os “isentos”,  os “semi-neutros” não terão paz. Enquanto os que lutam vão ter o inferno. 

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Além de tudo isso, teremos a introdução de reformas educacionais que aproximarão o Brasil do Irã. O Estado laico ficará apenas no papel. A pauta de costumes e a defesa da família irão levar ao aumento geométrico da violência contra as minorias. A política econômica recessiva gerará não um estado de revolução, mas uma conjuntura de convulsão social. As universidades públicas serão privatizadas e por fim milhares e milhares de jovens desalentados cairão ou no crime ou simplesmente abandonarão o país.

Estamos perto do fim do Brasil. Não teremos mais saída. O colapso será a nossa herança aos que ainda estão para nascer. Nenhum país estrangeiro nos salvará, nenhum grande líder irá surgir. Seremos a terra do nada no mundo do absurdo. 

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Aqueles que se isentam de lutar e apenas discretamente tecem apoios estão servindo ao fascismo que conta justamente com o respeito desses setores à institucionalidade. Enquanto isso Bolsonaro atua como um delinquente sem freios, colocando gasolina e incendiando as leis e explodindo todos os limites institucionais para vencer a qualquer custo essas eleições. 

Temos nove dias pela frente. Isso é muito tempo… Tempo demais para o inimigo e tempo suficiente para uma operação para evitar a eleição daquele que entrará na História como o mais brutal e corrupto ditador já produzido pelo gênero humano. Dia 30 ou o Brasil vive ou é a data de seu fim. Dá pra vencer. Mas não há espaço para suíços nessa guerra. Bolsonaro é terror, o terror e mais terror

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