Terrivelmente integralista
"Senadores que na CPI foram assertivos rasgaram a fantasia com Mendonça, aceitaram alegremente a mistura de religião com política. Sem se dar conta do mal que isso faz à democracia", escreve o jornalista Alex Solnik
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Por Alex Solnik
Um dia depois de 47 senadores confirmarem André Mendonça, que jurou de pés juntos deixar a religião do lado de fora do STF, seu mentor, Jair Bolsonaro fez questão de afirmar o oposto:
“Conseguimos enviar para o STF um homem terrivelmente evangélico”.
Em discurso a sargentos, deu um recado indireto ao novo ministro:
“A vocês, jovens formandos, não se esqueçam de uma coisa para o resto de suas vidas: a gratidão. Ninguém nunca consegue nada sozinho. Sempre dependemos de um pai, de um irmão, de um amigo para atingir os nossos objetivos”.
Durante a sabatina, Mendonça deu mostras evidentes de que será grato a Bolsonaro pelo resto da vida.
Se não for, será atacado impiedosamente pelo exército virtual bolsonarista.
Ontem, senadores que na CPI foram assertivos rasgaram a fantasia com Mendonça, aceitaram alegremente a mistura de religião com política.
Sem se dar conta do mal que isso faz à democracia.
Religião tem dogmas; política tem debate.
Religião que forma currais eleitorais deturpa a religião e a política.
Empolgado com a vitória, Bolsonaro não se conteve. Terminou seu discurso aos formandos com o lema “Deus, pátria e família”.
Terrivelmente integralista.
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