Termina o bipartidarismo na Espanha. Esquerda se renova e se fortalece

O horizonte imediato é de instabilidade política na Espanha, até que se desenhem possibilidades de alianças políticas viáveis



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Apesar do PP e do Psoe manterem as duas primeiras posições nos resultados eleitorais nas eleições espanholas, ambos despencaram em relação aos seus desempenhos anteriores, somando 59% dos votos. Nenhum deles estaria mais em condições de governar sozinhos, como aconteceu nas décadas anteriores. 

Abre-se uma nova fase política na Espanha, com a irrupção de duas forças emergentes, uma à esquerda – Podemos - , outra `a direita – Ciudadanos -, que embaralharam o cenário politico. Apesar de ser o partido que mais perdeu votos, o PP se mantém como a primeira força, mas nem somado a Ciudadanos – caso conseguisse um acordo politico – teria maioria suficiente para governar. O Psoe tampouco, caso conseguisse acordos com Podemos e com a quase desaparecida Izquierda Unida, para um governo similar ao de Portugal, poderia chegar a governar,

Podemos teve um resultado surpreendente, ficando apenas a 1,5% de votos do Psoe, embora o injusto critério de distribuição de cadeiras na Camara tenha deixado os dois partidos com uma diferença de 12 parlamentares. Ja Ciudadanos, depois de ter tido perspectivas mais altas nas pesquisas, acabou relegado ao quarto lugar, distante das outras forças.

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Abre-se um período inédito na Espanha, de busca de governabilidade por parte dos dois partidos tradicionais, um quebra cabeças difícil de resolver e que pode levar à convocação de novas eleições em poucos meses. Não conseguindo nenhuma das forcas uma proposta de governo que logre apoio no Congresso, restaria apenas a aliança entre os dois – PP e Psoe –, ao estilo da Alemanha.

Uma experiência nunca vivida, ja que os dois partidos sempre se enfrentaram frontalmente, embora ambos comunguem das políticas de austeridade, que começaram a ser implementadas pelo Psoe e tiveram continuidade com o governo do PP. Poderia ser uma formula de governo que tivesse estabilidade institucional mas, como a crise social espanhola esta longe de terminar, poderia também ser um abraço de afogado, abrindo espaço para que a ascensão de Podemos o projetasse como a força alternativa de governo.

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Seu líder, Pablo Iglesias, ressaltou os avanços de Podemos, que se tornou, mediante alianças, a primeira força na Catalunha e no Pais Vasco, sendo o único partido que pode viabilizar soluções aos problemas territoriais da Espanha. Esse tema separa radicalmente Podemos do Psoe, tornando improvável uma solução política similar à de Portugal – de frente de esquerda entre o Psoe, Podemos e Izquierda Unida.

O horizonte imediato é de instabilidade política na Espanha, até que se desenhem possibilidades de alianças políticas viáveis. O PP tem a iniciativa, mas suas margens de manobra não são grandes, mesmo em relação a Ciudadanos, que ja havia expressado que só aceitaria uma aliança se Rajoy deixasse de ser o chefe de governo – condição muito difícil do PP aceitar.

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Apesar da eleição inédita no pais, a participação eleitoral não foi alta, praticamente a mesma das eleições anteriores, com pouco menos de 60% de eleitores votando. Não fossem os desempenhos de Podemos e de Ciudadanos, que se propõe a renovar a política espanhola, a participação provavelmente seria menor ainda.

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