Terceirizar não é vale tudo

A liberação da prática da terceirização para qualquer atividade da empresa poderá trazer uma série de consequências negativas. O principal perigo que o trabalhador irá enfrentar é a fragilização da relação de emprego



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O Senado Federal criou as conhecidas sessões temáticas a fim de recuperar o espaço dos grandes debates. No dia a dia eles são prejudicados pelas restrições que o Regimento Interno impõe em nome da celeridade do processo legislativo. Uma delas sobre terceirização.

Desde a Abolição da Escravatura, passamos gradativamente do regime escravocrata à equiparação de direitos de todos os trabalhadores. Apenas em 2015, o Senado eliminou a última nódoa escravagista ao propor e regulamentar os direitos trabalhistas dos domésticos.

Em nosso país o principal marco legal do direito trabalhista é a Consolidação da Legislação do Trabalho. Agora, em 2016, serão 73 anos de existência. A CLT vem demonstrando, com atualizações, a sua importância na defesa dos direitos dos trabalhadores.

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A liberação da prática da terceirização para qualquer atividade da empresa poderá trazer uma série de consequências negativas. O principal perigo que o trabalhador irá enfrentar é a fragilização da relação de emprego.

A terceirização, sem limites, pode precarizar as garantias sociais dos trabalhadores, seja no âmbito individual, pois tem como principal escopo a redução de custos com funcionários, seja no âmbito coletivo.

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Recebi representantes das centrais sindicais e várias entidades de classe. Todos afirmaram categoricamente que o projeto não resolve a situação dos trabalhadores, da produtividade e da competitividade. Ele pode representar um potencial rebaixamento dos direitos trabalhistas.

Não devemos transformar o tema em um vale tudo expondo o trabalhador, em plena crise do emprego, a assimilar todos os golpes de uma luta injusta e inoportuna. É ingenuidade acreditar que leis criam novos empregos. Os fundamentos para gerar postos de trabalho estão na política econômica.

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Em um cenário com um preocupante aumento do desemprego, queda na renda salarial, juros altos, inflação, tarifaço e uma verdadeira expropriação tributária, seria indefensável espetar mais esta conta nas costas do trabalhador.

Precisamos regulamentar as relações trabalhistas dos atuais 13 milhões de terceirizados de modo a assegurar isonomia salarial à equidade da jornada de trabalho, além de proteções contra eventuais calotes ou descumprimentos de contratos que são corriqueiros neste segmento.

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A regulamentação é elemento insubstituível para a segurança jurídica e ampliação da previsibilidade do mercado. Contudo, terceirizar a atividade pode significar a revogação da CLT e precarização das relações de trabalho. A terceirização ampla, geral e irrestrita seria a base de um novo modelo de desenvolvimento econômico com supressão dos direitos trabalhistas.

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