Tendência bonapartista

Delineia-se o novo regime político que está sendo orquestrado pelo imperialismo. Um regime político sem base nas classes fundamentais do país. Um regime que se apoiará nas instituições por cima das classes



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O regime político instituído em 1988 exauriu-se. O que se costumou denominar, erroneamente, como democracia foi um regime político nada democrático baseado num acordo realizado entre imperialismo, burguesia nacional, latifundiários e organizações populares. A "democracia" deu continuidade, no seu fundamental, ao regime militar de forma mascarada. Direito a greve continuou não existindo. A Polícia Militar continuou com licença para matar, num país em que nem pena de morte existe. O monopólio da imprensa criado na ditadura fortaleceu-se.

Contudo, essa aparência democrática instalou uma contradição: possibilitou que um partido criado pelos trabalhadores (e dominado num segundo momento pela pequena burguesia) chegasse ao poder. Assim, concessões às massas miseráveis foram feitas e fortaleceu interesses da burguesia nacional no país e no cenário internacional.

O que se tornou insustentável com a crise econômica de 2008, para o imperialismo, quando o sistema capitalista internacional entrou em colapso. Principalmente no coração do capitalismo: o sistema financeiro dos países imperialistas (EUA, Alemanha, Inglaterra, França).

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Na tentativa de salvar-se, o imperialismo começou a partir de então uma política agressiva sobre todos os países atrasados. A necessidade de espoliar ainda mais a população mundial tornou necessário uma alteração dos regimes políticos e enfraquecer as burguesias nacionais. Golpes de estados tem se multiplicado nos últimos anos por todo o globo.

Após o afastamento de Dilma do governo, o imperialismo continuará sua ofensiva contra setores da burguesia nacional. O que fica evidente pelos vazamentos na imprensa atacando Jucá, Renan Calheiros e Sarney. O golpe organizado pelo imperialismo terá que atacar os dois pilares do regime político de 1988. O PT, um pilar que se apoia nas massas. E o PMDB, pilar baseado nas burguesias regionais, o que necessariamente é algo muito contraditório. Para o imperialismo, ter que negociar com dez ou quinze caciques regionais enfraquece a possibilidade de conquistar tudo o que necessita para o capital financeiro internacional. O golpe de estado não foi organizado pelos EUA para negociar, mas para tratorar qualquer um.

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Mas antes de ir para um ataque fundamental contra o PMDB, há que liquidar totalmente o problema PT, e principalmente Lula. Os vazamentos mostram setores do PMDB acuados pela Lava-Jato de Moro, claramente apoiado pelas agências internacionais de inteligência. Apesar de apoiarem o golpe, preocupam-se, pois sabem que com o imperialismo a negociação será em outro patamar.

Assim, delineia-se o novo regime político que está sendo orquestrado pelo imperialismo. Um regime político sem base nas classes fundamentais do país. Um regime que se apoiará nas instituições por cima das classes. Ora apoiando-se na classe média, ora na burguesia paulista, ora nos latifundiários, para fazer avançar o interesse do capital financeiro internacional.

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O que revela o conteúdo da propagada autonomia das instituições nos últimos anos. A autonomia das instituições significou a possibilidade do imperialismo comanda-las. O judiciário brasileiro, um grupo de pessoas não eleitas, sem nenhuma forma de controle social, foi facilmente colocado a serviço do imperialismo. E agora, rasga a Constituição, reinterpreta as leis, cria as leis, conforme interesses do momento.

Esse regime tornar-se-á necessariamente um estado policial, uma ditadura escancarada. Jucá não revelou que o exército está a postos¿! Um estado sem lei, um estado de exceção, que aplicará métodos de guerra civil contra a população para destruir seus direitos trabalhistas, sociais e políticos. Isso, se a classe operária não derrotar o golpe.

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