Temos o direito de entrevistar Cabral e até Satanás

"É evidente que o papel do jornalista é sempre tentar revelar dados novos, de preferência com exclusividade, o que deveria ser aplaudido por um juiz imparcial, pois quanto mais dados ele tiver mais transparente e imparcial será o julgamento. Ao vedarem a Cabral o direito ao contraditório, os magistrados permitem a especulação de que ele poderia revelar fatos que não interessam a eles", comenta o jornalista Alex Solnik, sobre a decisão de um desembargador que proíbe a Folha e O Globo de entrevistar o ex-governador Sergio Cabral na prisão; "A escalada autoritária dos juízes desde a elevação de Moro a 'herói nacional' precisa ser contida antes que seja tarde. Nós, jornalistas não podemos nos calar. Temos o direito e até o dever de entrevistar quem bem queremos, até mesmo Satanás", diz Solnik

"É evidente que o papel do jornalista é sempre tentar revelar dados novos, de preferência com exclusividade, o que deveria ser aplaudido por um juiz imparcial, pois quanto mais dados ele tiver mais transparente e imparcial será o julgamento. Ao vedarem a Cabral o direito ao contraditório, os magistrados permitem a especulação de que ele poderia revelar fatos que não interessam a eles", comenta o jornalista Alex Solnik, sobre a decisão de um desembargador que proíbe a Folha e O Globo de entrevistar o ex-governador Sergio Cabral na prisão; "A escalada autoritária dos juízes desde a elevação de Moro a 'herói nacional' precisa ser contida antes que seja tarde. Nós, jornalistas não podemos nos calar. Temos o direito e até o dever de entrevistar quem bem queremos, até mesmo Satanás", diz Solnik
"É evidente que o papel do jornalista é sempre tentar revelar dados novos, de preferência com exclusividade, o que deveria ser aplaudido por um juiz imparcial, pois quanto mais dados ele tiver mais transparente e imparcial será o julgamento. Ao vedarem a Cabral o direito ao contraditório, os magistrados permitem a especulação de que ele poderia revelar fatos que não interessam a eles", comenta o jornalista Alex Solnik, sobre a decisão de um desembargador que proíbe a Folha e O Globo de entrevistar o ex-governador Sergio Cabral na prisão; "A escalada autoritária dos juízes desde a elevação de Moro a 'herói nacional' precisa ser contida antes que seja tarde. Nós, jornalistas não podemos nos calar. Temos o direito e até o dever de entrevistar quem bem queremos, até mesmo Satanás", diz Solnik (Foto: Alex Solnik)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A decisão de proibir a "Folha" e "O Globo" de entrevistar o ex-governador Sergio Cabral, preso no Rio de Janeiro, formulada pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro e pelo juiz Marcelo Bretas, aquele que ofereceu pipoca a Sergio Moro na sessão de gala de "A Lei é Para todos", atenta não só contra o direito de expressão de Cabral como também contra a liberdade de imprensa, ambos garantidos pela constituição em vigor.

Em bom português, é censura, que foi extinta depois da derrubada do regime militar, em 1985.

Se a lei é para todos, deveria valer também para ele. Eu mesmo, como também vários jornalistas, já entrevistei até assassino na cadeia.

continua após o anúncio

A justificativa elaborada por Abel Gomes parece ter sido extraída de "O Processo", de Franz Kafka:

"É dever do juiz, nas circunstâncias e condições pessoais do paciente, assegurar-lhe a proteção contra qualquer forma de sensacionalismo, o que diante do contexto não está excluído de que possa ocorrer".

continua após o anúncio

O cinismo é avassalador. A Justiça jamais protegeu Cabral de sensacionalismo, muito ao contrário, deixou vazar para a imprensa situações e contextos que transformaram Cabral num monstro muito mais assustador que o Abominável Homem das Neves. Argumento falso, portanto.

Mais grave ainda é ele dizer que uma entrevista, na qual o repórter pergunta e o entrevistado responde poderá ser "uma forma de sensacionalismo".

continua após o anúncio

Ou ele não sabe o que é uma entrevista ou não sabe o que é sensacionalismo.

Notem bem: ele diz que "não está excluído de que possa ocorrer", atuando assim mais como vidente do que como magistrado.

continua após o anúncio

Marcelo Bretas vai além. Diz que "não há interesse público na concessão da entrevista do ora custodiado (Cabral)", sem ter jamais consultado o público a respeito e como se coubesse a ele decidir o que é de interesse ou não da população. E continua:

"Evidencia-se, na realidade, o interesse da imprensa em obter do ora réu a revelação de algum dado novo, com exclusividade, razão pela qual impõe-se o indeferimento dos requerimentos".

continua após o anúncio

É evidente que o papel do jornalista é sempre tentar revelar dados novos, de preferência com exclusividade, o que deveria ser aplaudido por um juiz imparcial, pois quanto mais dados ele tiver mais transparente e imparcial será o julgamento. Ao vedarem a Cabral o direito ao contraditório, os magistrados permitem a especulação de que ele poderia revelar fatos que não interessam a eles.

A escalada autoritária dos juízes desde a elevação de Moro a "herói nacional" precisa ser contida antes que seja tarde. Nós, jornalistas não podemos nos calar. Temos o direito e até o dever de entrevistar quem bem queremos, até mesmo Satanás.

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247