Temer viaja certo de voltar presidente

Antes de viajar Temer já sabia o resultado da votação da Corte Eleitoral, que o absolveu com o voto de minerva do seu presidente, ministro Gilmar Mendes, seu amigo de 30 anos. Tem-se a impressão de que já estava tudo combinado, com o empate não passando de uma encenação para enganar os trouxas, que somos nós, os brasileiros, para dar a ideia de votação apertada

Temer
Temer (Foto: Ribamar Fonseca)


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Deu-se à escolha do relator da denúncia de Janot contra Temer, na Câmara dos Deputados, uma importância que na verdade não tem no Brasil de hoje. Isto porque não importa os argumentos, contra ou a favor, que o deputado Sergio Zveiter apresentará no relatório que encaminhará à Comissão de Constituição e Justiça da Casa, mas o número de votos computados muito antes da votação, conquistados mediante o comércio dos sufrágios realizado abertamente por Temer, sem o menor pudor, indiferente ao que possam pensar da sua atitude, pois o que importa mesmo é manter-se no poder.

E, pelo visto, a julgar pela sua viagem à reunião do G-20, ele conseguiu o número de votos suficientes para rejeitar a denúncia, pois de outro modo não deixaria o país sem ter a certeza de que permanecerá no cargo quando voltar. Como esses eleitores já se habituaram a votar por dinheiro e outros benefícios desde o impeachment da presidenta Dilma Roussef, sem importar-se com os prejuízos ao país e ao povo que representam, Michel Miguel seguiu tranquilo para a Alemanha, à exemplo da sua última viagem à Europa, às vésperas do julgamento, pelo TSE, do pedido de cassação do seu mandato.

Antes de viajar Temer já sabia o resultado da votação da Corte Eleitoral, que o absolveu com o voto de minerva do seu presidente, ministro Gilmar Mendes, seu amigo de 30 anos. Tem-se a impressão de que já estava tudo combinado, com o empate não passando de uma encenação para enganar os trouxas, que somos nós, os brasileiros, para dar a ideia de votação apertada. Os ministros, aparentemente, já tinham os votos escritos antes mesmo do término da leitura do relatório, que passaram a ler em seguida.

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Certamente apenas o relator, ministro Herman Benjamin, não participou da farsa, do contrário não teria tido todo aquele trabalho investigativo, incluindo a oitiva de testemunhas, para elaborar o extenso e minucioso relatório. O resultado do julgamento, que custou tempo e dinheiro ao país, indignou a muita gente e foi motivo de muitas críticas, mas já está caindo no esquecimento como fato consumado, conforme, aliás, quase tudo que aqui acontece. E, apesar de tudo o que foi denunciado, Temer continua no Palácio do Planalto, mesmo com alguns sobressaltos, como a prisão de Geddel Vieira Lima.

Desde a destituição de Dilma estamos assistindo, ao que parece, a um grande teatro, em que os atores são os mesmos, no Congresso e no Judiciário. O impeachment já havia sido decidido pela Direita desde a derrota de Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014, quando foi deflagrado o processo que culminaria com a ascensão de Temer à Presidência da República. Faltava apenas um motivo convincente para justificar o afastamento de Dilma, já que a Lava-Jato não conseguira encontrar nada que pudesse incriminá-la e ao ex-presidente Lula, quando, então, alguém teve a idéia das tais “pedaladas fiscais”. O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, desempenhou bem o papel que lhe fora destinado no golpe e o trio ternura Janaina Paschoal, Helio Bicudo e Miguel Reale Junior, contratado pelo PSDB, elaborou a peça. E a votação do impeachment pela Câmara foi aquele espetáculo deprimente que o Brasil e o mundo assistiram, com os deputados gritando o seu voto “pela tia que me criou”, “pela filha que vai nascer”, “pelo vizinho que me fez pai”, etc, etc.

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A julgar pelo andar da carruagem – e apesar da nova posição da Globo – tudo indica que Temer ficará mesmo no Palácio do Planalto até o dia que quiser, não importa quantas denúncias o procurador Rodrigo Janot apresente contra ele. Com a maioria na CCJ da Câmara, obtida a peso de ouro, todas as denúncias morrerão ali, até porque os tucanos, hoje os responsáveis por sua permanência no cargo, garantirão os votos de que precisa. Excelentes atores, todos os dias eles ameaçam deixar a base aliada dizendo, entre outras coisas, que o desembarque está próximo, mas continuam agarrados ao osso. Tudo encenação, uma farsa. Aécio, que voltou ao Senado após a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, grande admirador da sua “elogiável carreira política”, já se livrou da ameaça ao seu mandato no Conselho de Ética, que arquivou a representação contra ele apresentada por vários senadores. Como ele está tranquilão no Supremo, onde tem admiradores e um combativo correligionário, o ministro Gilmar Mendes, “sorteado” coincidentemente para relatar todos os seus inquéritos, o mineirinho pode voltar às suas velhas atividades junto a empresários, como Joesley Batista, sem medo de sofrer alguma punição.

E vai se confirmando aquilo que o senador Romero Jucá disse a Sergio Machado, conforme a gravação da sua conversa, de que era preciso acabar com a “sangria” da Lava-Jato. Na verdade, desde aquela época, logo após a destituição de Dilma, falava-se a boca pequena em Brasilia que o objetivo do golpe era mesmo acabar com a Lava-Jato. O procurador Carlos Fernandes de Lima, um dos mais influentes membros da força- tarefa, acaba de denunciar que a operação foi asfixiada por Temer, que a deixou sem oxigênio, ou

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seja, sem verbas para suas despesas. Em seu facebook ele escreveu: "A Polícia Federal não tem mais dinheiro para passaporte. A Força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados. Mas para salvar o seu mandato, Temer libera verbas à vontade”. Todos sabiam, inclusive eles da Lava-Jato, que Lula e Dilma foram os presidentes que proporcionaram à Policia Federal e ao Ministério Público as condições necessárias para o combate à corrupção mas, ao contrário do que seria de se esperar, contribuíram para afastá-la e hoje sofrem o peso da decisão dos golpistas de sufocá-los. Ainda assim, movidos por um ódio absurdo e inexplicável, continuam perseguindo o ex-presidente operário. Com esse comportamento parece que seu objetivo não é combater a corrupção, mas impedir Lula de voltar para o Palácio do Planalto.

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