Temer vai cobrar mensalidades dos Institutos Federais. Afinal, esse governo é contra quem?
Trata-se de um governo "do contra", uma gestão feita para combater pessoas e não mazelas. É como se governasse contra alguém especificamente (um inimigo oculto)
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Outrora se discutia que um governo deve governar para todos, isso tudo porque partia-se do pressuposto que um governante o era para os seus, para uma determinada parcela da sociedade, ou a representar segmentos, setores específicos de seu rol de amigos, ou ainda de algum interesse particular.
Contudo, não é o que vemos hoje em dia, sobretudo, com a administração do Presidente da República, Michel Temer. Trata-se de um governo "do contra", uma gestão feita para combater pessoas e não mazelas. É como se governasse contra alguém especificamente (um inimigo oculto). E as consequências: é que se tornou um governo contra o Brasil; contra seu povo.
Chego a pensar que Michel Temer era um menino muito sofrido. Aqueles que vemos nas ficções trágicas, em cujo rapazinho é vítima de algum tipo de bullying, preconceito, é escanteado na escola, ou na sociedade, ninguém conversa com ele, não lhe dão importância. E em sua mente - ainda criança - paira sempre o desejo de se vingar daqueles que o isolam, que o anulam da condição de ente social. Só pode ser isso: Temer está a se vingar da sociedade!
As últimas notícias dão conta de que o Presidente Michel Temer irá cobrar mensalidades das Universidades Públicas e dos Institutos Federais (IFs). Na contra mão dos dois últimos governos, respectivamente, Lula e Dilma, em que o primeiro criou 14 novas universidades federais; e a segunda gestora continuou a ampliação do Ensino Superior, criando mais 4 novas universidades públicas, entretanto, estimulando cada vez mais os Institutos Federais, onde por um século inteiro existiam apenas 140 escolas deste tipo (entre 1909 e 2002), e somente em algumas capitais e grandes cidades do País. Em 2016 já eram 644 IFs (dados são do próprio Ministério da Educação – clique aqui), espalhados por todo o território nacional. Juntos, Lula e Dilma criaram ainda 173 novos campi de universidades federais.
Mas maldades de Temer com seu povo não querem parar jamais. Ele já destruiu o Ensino Médio (especialmente para as periferias, em que a tal "escolha" da disciplina do currículo "individual" jamais ocorrerá, tendo em vista que o investimento de hoje na educação não dá conta do básico necessário nos rincões desse País, junto às classes menos favorecidas). Acabou de rasgar a Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT), quando nem mesmo Fernando Henrique, um presidente liberal, conseguiu aprovar no Congresso Nacional a Lei da Terceirização [para todas e quaisquer funções, inclusive as públicas], cujo centralismo está em reduzir a capacidade de mobilização do trabalhador por melhores condições de vida, de salários e laborais. Tem ajudado a quebrar a indústria da construção civil, de bens e serviços, a produção com políticas (vou dizer logo na lata...) burras; jamais vistas por um Estadista. Agora, mais recentemente, a "Indústria da Carne", um dos maiores PIB's do Brasil, está ameaçado de mandar dezenas de milhares de trabalhadores para o "olho da rua", sem empregos, por uma crise desnecessária, (vou dizer logo na lata...) de jumento. Ao nomear tantos ministros incompetentes e ladrões, a credibilidade do País foi pro buraco.
Em síntese: as medidas desse Governo já deixaram faz tempo de ser uma política de austeridade fiscal. Começaram a entrar nos ensaios da maldade; de um sociopata que assume o comando nacional a destruir as mais belas políticas que foram implementadas, hora por Getúlio Vargas, hora por Juscelino Kubitschek, hora por Luiz Inácio, e mais recentemente, por Dilma Rousseff. A verdade é que com suas "aventuras" fiscais e econômicas, "brincando" de ser presidente em "Rede Nacional" no horário nobre, Temer está destruindo o Brasil.
Retornando ao tema principal deste artigo, os IFs são o melhor exemplo de descentralização da Educação Pública em nível superior e técnico. É o formato das sociedades modernas - a exemplo da Alemanha - que investem fundamentalmente no Ensino Técnico e Tecnológico com vistas, i) a não "sobrecarregar" o Ensino Superior convencional; ii) a disseminar a educação pelo território, sobretudo, um continente como é o Brasil; e, especialmente iii) a projetar novamente o País para o desenvolvimento tecnológico, social, econômico e sustentável. Ou seja: os IFs representam uma nova motriz do desenvolvimentismo tentado na metade do século passado e interrompido por políticas de endividamento estrangeiro (dívida externa e outras inconsequências da política exterior brasileira). Mas são, sobremaneira, a melhor forma de se distribuir a educação intelectual e profissional, a julgar que se pegarmos o mapa de onde estão instalados os Institutos, veremos surpreendentemente estes templos do saber em periferias como o que é considerada uma das maiores "favelas" do mundo, em cuja ausência de saneamento básico beira os 70% da população de quase 250 mil habitantes e a pobreza semi-generalizada. Estamos a citar o município de Águas Lindas-GO que hoje possui um IF a contrapor – com a Educação – o abandono do Estado à sua boa gente. Ou em sertões limítrofes do Brasil, onde a política pública não chegava tal que parecia não pertencesse esse lugar à jurisdição nacional, como é o caso de Santana do Ipanema, em Alagoas, ou de Poço Redondo, em Sergipe, ambas localidades em que a seca e a pobreza dominaram por tantos anos e hoje se vêem municípios transformados – muito – por trabalhos dos alunos e dos professores dos seus respectivos IFs.
Portanto, ao cobrar mensalidades dos Institutos Federais, o Governo Temer não estará pensando em obter receitas para incrementar o orçamento opaco do Ministério da Educação. Inviabilizará, contudo, a moderna política de Educação Técnica e Tecnológica, fechando, no médio prazo essas escolas, e relegando o Brasil novamente à periferia dos Países Estrangeiros, numa dependência crítica da mão de obra especializada que por estes lugares não mais existirá, obrigando à importação de profissionais dos grandes centros como São Paulo etc., ou de outros países, e empobrecendo cada vez mais o conteúdo e a vida dos jovens brasileiros destes mais 560 municípios e seus entornos.
Esse Governo tem um inimigo comum chamado povo. E é contra ele que Temer governa.
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