Temer sujou o cargo de vice
O colunista do 247 Alex Solnik destaca que "à primeira vista, o cargo de vice-presidente da República, no Brasil, é uma grande moleza", uma vez que "não tem função alguma, a não ser substituir o titular durante viagens ou doença, mas com a condição explícita de não tomar decisão alguma"; "No entanto, por incrível que pareça, a coisa mais difícil dessas eleições é encontrar um ou uma", ressalta; para ele, contudo, "está difícil achar um bom vice nessa eleição porque Temer sujou o cargo. Vice virou sinônimo de traidor, de golpista, de pusilânime, de Vampirão. O Palácio do Jaburu virou o Castelo do Drácula", afirma
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Está acontecendo uma coisa estranha nessas eleições. À primeira vista, o cargo de vice-presidente da República, no Brasil, é uma grande moleza. Ele ou ela (aliás, nunca tivemos vice-presidenta) ganha um palácio para morar, equipado com flores, comida, bebida, empregados e tudo o mais que precisar, pode dar belas festas, fazer longas viagens ao interior ou ao exterior, ganha um bom salário, sem ter obrigação alguma. Sem ter que fazer nada.
Isso mesmo, o vice, no Brasil, não tem função alguma, a não ser substituir o titular durante viagens ou doença, mas com a condição explícita de não tomar decisão alguma. Quanto mais quieto e invisível, melhor.
Ou seja, o vice tem todo tempo livre para fazer o que quiser. Jogar peteca, ler toda a coleção da Enciclopédia Britânica, fazer longas caminhadas em Brasília, decorar todas as capitais do mundo, plantar caqui. Não tem coisa melhor que ser vice. No entanto, por incrível que pareça, a coisa mais difícil dessas eleições é encontrar um ou uma.
A vice de Lula é o cargo mais cobiçado. Assume com grande chance de vencer. E também com grande chance de assumir. Lula não precisa de vice tão desesperadamente como os outros. Claro que não. Tem um ótimo tempo de TV (comparado aos demais) e sua liderança está consolidada, no primeiro e segundo turno. Mais do que de vice, ele precisa de liberdade.
Quem for vice de Bolsonaro tem de ter porte de arma e ser bom no tiro ao alvo. Nenhum político topa porque sabe que será um mero ajudante de ordens. Somente astronautas com a cabeça na Lua e príncipes que perderam a coroa.
Marina precisa de vice para aumentar seu tempo de TV, mas entender-se com ela é que são elas. Ninguém sabe exatamente o que pensa. Nem o que vai pensar no dia seguinte. Um gnomo seria o ideal.
Quem mais precisa de uma vice é Ciro, para mostrar que a principal função da mulher não é dormir com o marido. O ideal para ele seria Manuela, mas Manuela espera por Lula e Lula não tem pressa alguma em definir o vice. Alguém do PSB já estaria de bom tamanho para Ciro, mas o PSB não sabe para onde vai. Talvez para lugar algum.
A grande dificuldade de Alckmin é que seu vice tem de ser alguém que não esteja na mira da Lava Jato, o que é raro encontrar no grupo com o qual se coligou. O único com essa característica pulou fora.
Além dos problemas acima, está difícil achar um bom vice nessa eleição porque Temer sujou o cargo. Vice virou sinônimo de traidor, de golpista, de pusilânime, de Vampirão.
O Palácio do Jaburu virou o Castelo do Drácula.
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