Temer se autoincriminou ao pedir dinheiro no Jaburu

"Ao confirmar que de fato pediu 10 milhões de reais a Marcelo Odebrecht, o presidente da República, Michel Temer, assinou a sua confissão de culpa", afirma Alex Solnik; o jornalista destaca que, conforme mostra a delação de Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, "Temer não falou, naquele jantar, como presidente do PMDB e sim como vice-presidente da República. Caso contrário, deveria receber Odebrecht na sede do diretório do PMDB. E não há dúvida também que a situação sinalizou para Odebrecht que, em sendo um pedido do vice-presidente da República, haveria contrapartida do governo para a sua empresa"; Pergunto: é lícito a um vice-presidente da República pedir dinheiro para o seu partido dentro das dependências oficiais do governo? Seja dinheiro oficial ou caixa 2?", questiona o colunista

(Brasília - DF 06/12/2016) Presidente Michel Temer durante encontro com Representantes do Conselho do SESI e CNI. Foto: Marcos Corrêa/PR
(Brasília - DF 06/12/2016) Presidente Michel Temer durante encontro com Representantes do Conselho do SESI e CNI. Foto: Marcos Corrêa/PR (Foto: Alex Solnik)


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Ao confirmar que de fato pediu 10 milhões de reais a Marcelo Odebrecht, o presidente da República, Michel Temer, assinou a sua confissão de culpa.

Ele se autoincriminou porque confessou ter pedido o dinheiro dentro do Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente da República.

E a escolha do local não foi fortuita. É o que conta o ex-vice–presidente de Relações Institucionais da Odebrecht e hoje delator, Claudio Melo Filho:

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"Eu participei de um jantar no palácio do Jaburu juntamente com Marcelo Odebrecht, Michel Temer e Eliseu Padilha. Michel Temer solicitou, direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as Campanhas do PMDB no ano de 2014. O jantar ocorreu possivelmente no dia 28 de maio de 2014, para o qual fui no carro da empresa. Chegamos no Palácio do Jaburu e fomos recebidos por Eliseu Padilha. Como Michel Temer ainda não tinha chegado, ficamos conversando amenidades em uma sala à direita de quem entra na residência pela entrada principal. Acredito que esta sala é uma biblioteca. Após a chegada de Michel Temer, sentamos na varanda em cadeiras de couro preto, com estrutura de alumínio. No jantar, acredito que considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o Vice-Presidente da República como Presidente do referido partido político, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10.000.000,00. Claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião".

Isso quer dizer duas coisas: primeiro, Temer não falou, naquele jantar, como presidente do PMDB e sim como vice-presidente da República. Caso contrário, deveria receber Odebrecht na sede do diretório do PMDB.

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Não há dúvida também que a situação sinalizou para Odebrecht que, em sendo um pedido do vice-presidente da República, haveria contrapartida do governo para a sua empresa. Tratava-se de um toma-lá-dá-cá explícito testemunhado pelas paredes do palácio do governo.

Pergunto: é lícito a um vice-presidente da República pedir dinheiro para o seu partido dentro das dependências oficiais do governo? Seja dinheiro oficial ou caixa 2?

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Pode até demorar até o STF ou o Congresso Nacional se manifestarem a respeito. Mas, nas ruas, a barra de Temer já sujou.

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