Temer se afasta do mercado financeiro e toma discurso de Bolsonaro para enfrentar esquerda nas urnas em outubro
O cavalo de pau dado por Temer na agenda neoliberal, retirando a Previdência de pauta e convocando militares para garantir segurança pública – duas providências populares no ambiente de instabilidade geral – alveja Bolsonaro
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A rasteira dada por Temer em Bolsonaro com sua nova agenda política coloca-o no paréo eleitoral, para ir ao segundo turno contra Lula, se a justiça não o destruir, inviabilizando sua candidatura. O titular do Planalto saiu do sufoco que a agenda neoliberal criou para ele e se abre para novas alternativas para o bem e para o mal, como dizia Geisel. Melhor do que morrer no matadouro que o mercado financeiro preparou para ele com a anti-reforma impopular da previdência, repudiada por 99% da população.
Nova estratégia
Temer, o ilegítimo, estava caminhando para o matadouro de cabeça baixa. Quem faz opção pela morte, por vontade própria?
O mercado financeiro estava/está matando-o politicamente ao impor agenda neoliberal do congelamento dos gastos públicos por vinte anos. Desemprego, fome, miséria, violência, instabilidade social e econômica são os resultados dela.
A impopularidade governamental, em razão disso, é recorde: 90% da população pedem Fora Temer, Fora Vampirão! Entre a vida e a morte, optou pela vida, instintivamente.
Sai de cena a agenda impopular da previdência, cara ao mercado especulativo, interessado em privatizá-la, entra agenda popular do combate à segurança. Mas, isso só não basta.
Se continuar o congelamento, que não cria expectativas positivas para as forças produtivas, os militares, que voltam ao poder, se desmoralizarão completamente.
Temer, com a intervenção militar, tenta matar dois coelhos com uma só cajadada: 1 – afasta a agenda do mercado, economicida, descartando a reforma impopular da previdência e 2 – puxa o tapete do deputado Bolsonaro, cuja agenda era a de, se eleito, militarizar o governo(chegou a dizer que colocaria 40 militares na administração, para tocar ministério).
Não é à toa que o radical político militar de direita pede, agora, a cabeça de Temer. Sabe que foi roubado pelo titular do Planalto em seu propósito de militarizar a política.
Descongelar já
Já se fala no governo que o aumento dos gastos públicos com a segurança, que estava à míngua, é mal menor. Ora, será necessário descongelar os gastos com ela, o oposto do que determina a política neoliberal. Se não for feito isso, os militares, com o caixão do neoliberalismo econômico nas costas, entrarão numa fria. Serão identificados como braços armados do governo ilegítimo para garantir o arrocho fiscal, que, com o congelamento, aumenta, em vez de diminuir.
Afinal, corte de gastos sociais elimina capacidade de arrecadação do governo, sem a qual os investimentos públicos entram(já estão entrando) em colapso. Ampliam-se, com economia congelada, falências das empresas que demandam encomendas estatais porque os estados e municípios estão, literalmente, falidos.
Ajuste feito apenas nos gastos sociais, enquanto ficam livres do sacrifício o mercado financeiro, que já abocanha mais de 50% do Orçamento Geral da União(OGU), é a receita para a violência social, que, agora, produz intervenção militar.
Se se mantém essa violência cuja causa é o esfriamento glacial do emprego, consumo, produção, distribuição, circulação e arrecadação tributária, que enforca, financeiramente, estados e municípios, intervenção, apenas, mantido o congelamento, é o mesmo que enxugar gelo.
A agenda neoliberal, expressa no programa Ponte para o Futuro, é, totalmente, incompatível com agenda social, que a sociedade reclama, para que a violência seja aplacada.
Rasteira política
Bolsonaro estava bombando entre as classes médias conservadoras, pequena, média e grande, com o avanço da instabilidade econômica, social e política, gerada pela violência, detonada pelo congelamento neoliberal.
Como os candidatos do centro-direita, ligados à estratégia neoliberal temerista especulativa, como Alckmin, Huck, João Dória e outros menos votados, não têm viabilidade eleitoral, ao não pontuarem legal nas pesquisas, Bolsonaro navegava livre.
Seria o candidato para, provavelmente, disputar segundo turno com candidato da esquerda, seja Lula, do PT, seja Ciro Gomes, do PDT, seja Manuela, PC do B, seja Boulos, do Psol, seja Álvaro Dias, do Podemos.
O cavalo de pau dado por Temer na agenda neoliberal, retirando a Previdência de pauta e convocando militares para garantir segurança pública – duas providências populares no ambiente de instabilidade geral – alveja Bolsonaro e coloca o titular do Planalto como candidato provável a ir ao segundo turno com a esquerda.
Militarização da política é o novo contexto.
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