Temer homenageia proclamação da primeira ditadura militar do Brasil

"Se, ao instalar seu governo, ou o que resta dele, simbolicamente, em Itu, Temer quis reforçar a sua imagem de 'democrata', errou em cheio: está prestando uma homenagem à proclamação da primeira ditadura militar do Brasil", avalia o colunista do 247 Alex Solnik, ao relembrar fatos históricos sobre o governo do marechal Deodoro da Fonseca, descrito como ditatorial; "Deodoro foi o primeiro entreguista da República ao mudar o nome do país para República dos Estados Unidos do Brazil, assim mesmo, com z, em referência ao país do Norte do qual todos os republicanos eram empolgados admiradores. A seguir, adotou o lema positivista 'ordem e progresso' na bandeira nacional - que é também o slogan de Temer", diz Solnik 

"Se, ao instalar seu governo, ou o que resta dele, simbolicamente, em Itu, Temer quis reforçar a sua imagem de 'democrata', errou em cheio: está prestando uma homenagem à proclamação da primeira ditadura militar do Brasil", avalia o colunista do 247 Alex Solnik, ao relembrar fatos históricos sobre o governo do marechal Deodoro da Fonseca, descrito como ditatorial; "Deodoro foi o primeiro entreguista da República ao mudar o nome do país para República dos Estados Unidos do Brazil, assim mesmo, com z, em referência ao país do Norte do qual todos os republicanos eram empolgados admiradores. A seguir, adotou o lema positivista 'ordem e progresso' na bandeira nacional - que é também o slogan de Temer", diz Solnik 
"Se, ao instalar seu governo, ou o que resta dele, simbolicamente, em Itu, Temer quis reforçar a sua imagem de 'democrata', errou em cheio: está prestando uma homenagem à proclamação da primeira ditadura militar do Brasil", avalia o colunista do 247 Alex Solnik, ao relembrar fatos históricos sobre o governo do marechal Deodoro da Fonseca, descrito como ditatorial; "Deodoro foi o primeiro entreguista da República ao mudar o nome do país para República dos Estados Unidos do Brazil, assim mesmo, com z, em referência ao país do Norte do qual todos os republicanos eram empolgados admiradores. A seguir, adotou o lema positivista 'ordem e progresso' na bandeira nacional - que é também o slogan de Temer", diz Solnik  (Foto: Alex Solnik)


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 “Era um grande cidadão e um grande soldado o marechal Deodoro” escreveu o senador Ruy Barbosa, que fora seu ministro da Fazenda, em “A Imprensa”, jornal do qual era o redator-chefe, no dia 15 de novembro de 1898, “mas não era um homem de estado, não tinha a menor ciência do governo dos homens, não podia compreender e praticar uma constituição, muito menos lançar-lhe os alicerces, inaugurá-la, penetrar-se da sua verdade, comunicá-la aos seus atos, ao seu governo, ao seu tempo. A ocasião era de calma, paciência e confiança no Direito. Não são essas as virtudes da espada feita poder. A oposição parlamentar, que fora sempre a sua obsessão desde o governo provisório fê-la saltar da bainha e a primeira amostra da autoridade republicana em ação que tivemos foi um golpe de estado”.

   A vocação ditatorial de Deodoro fora detectada e criticada apenas nove dias depois da sua ascensão ao poder, quando o governo provisório nomeou governadores com permissão para prender e arrebentar quem quisessem. “As medidas ditatoriais devem terminar” protestou o editorial do “Diário do Commercio” de 24/11/1889.

   Mas não terminaram.

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   Nem tampouco os vínculos e a dependência do capital externo.

   Em carta ao ministro da Fazenda, Ruy Barbosa, o Barão de Rotschild lembra que “por tantos anos temos tido a honra de ser os agentes financeiros do governo brasileiro” e garante: “ardentemente nos esforçaremos para manter no futuro o crédito sempre ascendentemente”. 

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   Não havia dúvida, na época, a respeito do caráter militarista do novo governo, como Aristides Lobo, ministro do Interior do governo provisório confirma em sua carta ao “Diário Popular”, de São Paulo:

   “Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula”.  

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   Até mesmo o jornal “Deodoro da Fonseca”, publicado em homenagem ao marechal a 24 de setembro de 1892, um mês depois de sua morte definiu seu curto governo como ditadura:

   “Não há na história da humanidade um fato idêntico: a ditadura do general Deodoro foi de uma benignidade que o tornou digno do amor e do respeito de todos os brasileiros”.

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   É claro que essa última frase não corresponde aos fatos. Deodoro tornou-se tão impopular quanto Temer é hoje. E não é a única coisa que eles têm em comum.

   Deodoro foi o primeiro entreguista da República ao mudar o nome do país para República dos Estados Unidos do Brazil, assim mesmo, com z, em referência ao país do Norte do qual todos os republicanos eram empolgados admiradores. A seguir, adotou o lema positivista “ordem e progresso” na bandeira nacional - que é também o slogan de Temer.

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   No artigo de 15/11/1898, dia da posse do quarto presidente da era republicana, Campos Salles, Ruy Barbosa escreveu que as desgraças da República não terminaram com a deposição de Deodoro e ascensão do marechal Floriano Peixoto:

   “À espada sucedeu a espada neste regime que a espada fundou e em que desde então se devia ter contentado com a honra de obedecer. Do bastão de um marechal passamos ao de outro. Menos de seu ofício nos predicados brilhantes da guerra, o segundo era ainda mais soldado que o primeiro no espírito de classe, mais impenetrável que ele aos sentimentos civis, ao espírito de administração. Ao espírito de legalidade, ao espírito de Justiça. Para o firmar no governo, rasgou-se o preceito constitucional e privou-se a nação do direito que ele lhe assegurava de eleger o sucessor a uma vaga aberta nos primeiros dois anos da presidência. Era o golpe de estado pelo sofisma depois do golpe de estado pela força. Este custara ao primeiro ditador o governo em que o segundo se consolidou pelo outro. A custo escapamos de terceiro pela proclamação formal da ditadura, que esteve a pique de rebentar em 15 de novembro de 1894, obstando ao evento do primeiro presidente civil (Prudente de Moraes). Entretanto este, com saber da trama urdida contra a soberania nacional e ter dela a certeza, que há pouco revelava no Senado o ilustre senador Moraes e Barros, não trepidou em tecer, na sua mensagem inaugural, ao autor dessa maquinação desastrosa um panegírico de que só seria digno o benfazejo e imaculado nome de Washington, decantando com “glória da América e honra da humanidade” o soldado ambicioso, cuja sombra o empalidecia ainda na cerimônia da posse e em assumir retrospectivamente a solidariedade com o arbítrio militar, pondo na continuação dessa política o programa de seu governo”.

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   Se, ao instalar seu governo, ou o que resta dele, simbolicamente, em Itu, Temer quis reforçar a sua imagem de “democrata”, errou em cheio: está prestando uma homenagem à proclamação da primeira ditadura militar do Brasil.

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