Temer fica, mas o PMDB vai
Temer ficou, vai ficando e sabe-se lá se sairá do poder em 2018. Afinal, a direita não ganha nas urnas há mais de uma década o governo federal, e enquanto existir Lula, ao que tudo indica continuará perdendo. Por isso foi dado o golpe de estado, por isso foi necessário romper a institucionalidade vigente
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Temer ficou, vai ficando e sabe-se lá se sairá do poder em 2018.
Afinal, a direita não ganha nas urnas há mais de uma década o governo federal, e enquanto existir Lula, ao que tudo indica continuará perdendo. Por isso foi dado o golpe de estado, por isso foi necessário romper a institucionalidade vigente.
Enquanto os estrategistas norte-americanos discutem a melhor forma de liquidar a fatura com o PT, Temer garantiu aquilo que nem a ditadura militar havia conseguido, o fim da CLT, que permitirá um rebaixamento do salário sem igual na história do movimento operário do país.
E mais, conseguiu aprovar a lei de internacionalização de terras que permitirá o oligopólio financeiro mundial se apropriar das melhores terras, do que resta de matéria-prima e principalmente obter o controle da água do país.
A crise hídrica que as metrópoles começam a sentir já são os efeitos do boom de exportação de água que realizamos através da exportação de cana, soja, milho. É bom lembrar que cerca de 75% do uso da água é realizado pela agricultura, e na sua quase totalidade nos produtos para exportação. O que mostra o cinismo da burguesia quando faz campanha para o trabalhador fechar a torneira na hora do banho.
Juntamente com a privatização de demais setores estratégicos, como a produção de energia, Temer está garantindo que avance os planos fundamentais do imperialismo. Isso é o que justifica que tenha ficado até então. Mas isso não significa o fechamento de uma crise, pelo contrário. Embora Gilmar Mendes tenha sido taxativo em relação Janot quando este desferiu um último ataque contra Temer e lideranças do PMDB ao dizer: "que saiba morrer, aquele que não soube viver", a crise está longe de acabar.
Ao que tudo indica a crise deixa de ter como foco, nesse momento, a cadeira presidencial, desce aos escalões intermediários e vai ganhando extensão pelos estados. O principal alvo desse processo tem sido o PMDB, embora, devido à confusa estrutura partidária brasileira, estoure sobre a cabeça de um ou outro membro de partidos satélites.
O ataque contra o PMDB carioca já havia mostrado tal tendência. E agora o ataque contra Maggi e todo um grupo do Mato Grosso mostra a continuidade de uma crise política, de uma reorganização molecular do regime político brasileiro como um todo.
E o que explica isso é exatamente o processo de internacionalização de terras. Afinal, o PMDB é a expressão política da estrutura fundiária arcaica do país, é o partido que dominou as municipalidades há décadas, ou seja, que está ligado a setores atrasados da economia nacional, seja agrícola seja industrial.
A Corrida Mundial por Terras, como assim chamou o Banco Mundial, iniciou-se mais diretamente após a crise de 2008, está na raiz de vários golpes de estado pelo mundo, exatamente por significar alterações mais profundas das classes na apropriação da renda da terra e do lucro agrícola.
Não é à toa que o setor de frigoríficos tenha sido alvo. Toda a estrutura econômica ligada à terra está sendo alterada conforme os interesses dos bancos mundiais.
A derrubada de Dilma foi parte para quebrar os acordos existentes entre a burguesia nacional e a classe operária; ao quebrar a frente popular o imperialismo pode avançar contra os dois setores, ora mais sobre um, ora mais sobre outro.
O PMDB também está sendo destruído. As relações de classes sobre as quais ele se erigiu estão sendo corroídas. A diferença com o PT é que ele poderá continuar existindo enquanto sigla, enquanto espectro do que foi. Já o PT, nem assim poderá existir, pois destruir a classe operária é uma operação muito mais difícil do que liquidar com o nacionalismo-burguês brasileiro, e como fica evidente, só a classe operária pode impedir a recolonização em marcha do país.
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