Temer é o grande incendiário

"Desde que a histeria punitiva patrocinada pelo juiz Sérgio Moro – que é mais algoz do que juiz – contaminou a sociedade civil, o que só foi possível porque os grandes jornais (que de grandes só têm tamanho) das bancas e das TVs toparam estampar manchetes sensacionalistas por ele fornecidas – a situação do país só piorou", diz Alex Solnik, colunista do 247; "Temer incendiou o país ao embarcar na aventura da deposição da presidente com que foi eleito", diz Solnik

Presidente Michel Temer durante Sessão de Abertura da Conferência Potencial da Diáspora Libanesa da América Latina. (São Paulo - SP 27/11/2016) Foto: Beto Barata/PR
Presidente Michel Temer durante Sessão de Abertura da Conferência Potencial da Diáspora Libanesa da América Latina. (São Paulo - SP 27/11/2016) Foto: Beto Barata/PR (Foto: Alex Solnik)


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Seja qual for a decisão do Supremo a respeito do embate entre Renan e Marco Aurélio Mello a crise não vai terminar amanhã.
Não começou ontem, nem vai terminar amanhã.

Desde que a histeria punitiva patrocinada pelo juiz Sérgio Moro – que é mais algoz do que juiz – contaminou a sociedade civil, o que só foi possível porque os grandes jornais (que de grandes só têm tamanho) das bancas e das TVs toparam estampar manchetes sensacionalistas por ele fornecidas – a situação do país só piorou.

Moro não atentou para o fato de que a boa Justiça é silenciosa e discreta para ser eficaz.

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Escolheu o outro caminho: o mesmo trilhado na Itália pela Operação Mãos Limpas, da qual copiou inclusive a estratégia de usar a imprensa para destruir reputações antes de qualquer julgamento.

Só que há uma diferença: a Mãos Limpas investigou relações de partidos políticos com a máfia italiana.

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Aqui não há isso, por mais que os envolvidos na Lava Jato tenham sido rotulados de bandidos, participantes ou chefes de quadrilha, tais supostas quadrilhas não executaram ninguém, até onde se sabe.

Não há cheiro de sangue.

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Moro usou o modelo da luta contra a máfia para combater empresários e políticos que transgrediram a lei, mas não cometeram crimes de sangue.

Não assassinaram. Não torturaram.

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Embaladas pelo clima exacerbado por Moro, Veja, Folha, GloboNews, Jornal Nacional, Estadão, O Globo, hordas da nova direita, adormecida desde 1985 saíram de suas cavernas para a luz das avenidas e com seus bonecos gigantes e patos amarelos, invocando o combate à corrupção, com o que atraíram parcelas da estúpida classe média, encurralaram deputados e senadores com a velha chantagem: ou vocês fazem o que nós queremos ou destruímos vocês.

Os ilustres parlamentares, cujos telhados são de vidro de cristal, ficaram num beco sem saída. Ameaçados, de um lado, pelos tentáculos de

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Moro e, de outro, pelos adoradores do Pato Amarelo entronizado pela Fiesp.

Eles que nunca levaram em conta o que as ruas queriam e apesar de ter passado que os condenava resolveram encenar o papel de madre

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Teresa de Calcutá, tornaram-se paladinos da moralidade, engrossaram o coro contra a corrupção e definiram o alvo – a presidente Dilma – que também estava na mira dos fascistóides coveiros da democracia.

Tentaram criar a narrativa de que toda a corrupção emanava da presidente, por isso ela tinha que ser degolada.

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E conseguiram, por mais absurdo que pareça.

Derrubar a presidente passou a ser palavra de ordem na Rede Globo, nos botecos, nas boates (ainda tem boate?).

A maioria dos brasileiros não tinha dúvida de que era tirar a presidente do Planalto para se abrir um mar cor de rosa à nossa frente.

Estúpidos que são, ignorantes dos ensinamentos da história e da filosofia soltaram rojões quando conseguiram seu intento.

Tal como Fred Mercury, cantaram "We are the champions" a plenos pulmões. Outros optaram por repetir o mantra "Yes, we can".

Não importavam os meios, mas os fins, proclamaram eles que sempre acusaram os esquerdistas de assim proceder.

Desde então (foi só há três meses, mas parece ter sido uma eternidade), o país piorou, confirmando as previsões de sociólogos, economistas e cientistas políticos que ainda não abandonaram o bom senso.

Tirar a presidente alegando um crime de responsabilidade que nunca foi provado, porque não houve, iria produzir sequelas, mas ninguém pensou no dia de amanhã.

Desde então, a histeria aumentou.

Não havia como não desembocar na terça-feira gorda, o dia de cão, o dia que abalou o Brasil, que foi ontem.

Embora permaneça omisso e quieto, porque nunca tem o que dizer, cada vez mais imobilizado por saber, no âmago de sua consciência que é um presidente da República ilegítimo, Temer é o grande incendiário, o homem-bomba que colocou o Brasil nesse clima de incerteza e de insegurança.

Temer incendiou o país ao embarcar na aventura da deposição da presidente com que foi eleito.

Incendiou o país ao formar um ministério com predomínio da incompetência, truculência e dos fichas-sujas.

As pautas-bomba, que a gente achava eram as de Cunha, que nada, as pautas-bomba são as de Temer.

Engessar a economia do país por 20 anos com a esdrúxula proposta de teto dos gastos públicos, uma emenda à constituição que em países verdadeiramente democráticos é submetida a plebiscito!

Destruir o futuro dos brasileiros com a criminosa reforma da Previdência!

Ele e Meirelles querem que isso seja aprovado a toque de caixa como presente de Papai Noel a todos os brasileiros.

Tarimbado como é, já no declínio de sua inexpressiva existência, será que ele não imaginava que suas propostas-bomba iriam incendiar o país?
Claro que sim, tanto é que, curiosamente (no seu jargão), excluiu os militares da reforma da Previdência.

Sabe como é, os militares conformaram-se em ficar nos quartéis, mas nunca é bom provocar quem tem armas e munição.

Temer é incendiário, mas não é bobo.

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