Temer como símbolo das falsificações históricas da mídia

Michel Temer e Eduardo Cunha
Michel Temer e Eduardo Cunha (Foto: Agência Brasil/EBC)


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1) Pesquisa Datafolha, de 27 de dezembro de 2018, a quatro dias do fim do mandato presidencial que Temer roubou de Dilma Rousseff: avaliação do governo Temer - Ótimo e bom: 7%; Regular: 29%; Ruim e péssimo: 62%.

Mesmo assim, o oligopólio midiático brasileiro sempre que menciona Temer esconde a altíssima rejeição ao seu governo, que perdurou durante os dois anos de seu mandato. Nada mais fraudulento em termos históricos do que o tratamento que Temer recebe, digno de um estadista que levou o Brasil a um porto seguro.

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2) Gravado pelos donos da JBS, Temer dá aval para que o silêncio de Eduardo Cunha continue sendo comprado. Seu assessor é flagrado com uma mala contendo 500 mil reais em São Paulo. Temer se livra do impeachment duas vezes, em votações da Câmara dos Deputados manchadas por denúncias de compra bilionária de deputados para impedir seu afastamento. No fim de seu mandato, chega ser preso.

Contudo, na condição de sócios do golpe, os jornalões, a TV Globo e a Veja varreram a sujeira de Temer para debaixo do tapete. Nunca ninguém leu uma miserável matéria sequer sobre o andamento dos inúmeros processos judiciais aos quais Temer responde na Justiça. As graves acusações relacionadas ao Porto de Santos, por exemplo, sumiram do noticiário. No sentido oposto, a mídia reconhece autoridade moral em Temer até para escrever cartinha em nome de Bolsonaro.

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3) O governo Temer foi um fracasso em termos econômicos, com 13 milhões de desempregados e uma economia estagnada.

Mas, a julgar pela forma como esse período recente da história do Brasil é visto pelos comentaristas econômicos da imprensa comercial, os dois anos de governos de Temer não existiram. Toda a confrontação de dados é feita com os últimos meses de Dilma, quando a sabotagem da Câmara dos Deputados liderada por Cunha, o jornalismo de guerra e a Lava Jato derrubaram a economia, embora sejam inegáveis os erros de política econômica cometidos por Dilma no início de seu segundo mandato. Outro número trancado a sete chaves: o menor índice de desemprego da história do país, 4,3%, foi registrado no primeiro mandato de Dilma.

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4) O prestígio de Temer na elite do atraso e entre os sanguessugas do mercado financeiro decorre especialmente da reforma trabalhista e da lei que instituiu o teto de gastos. Dois fiascos. Temer ousou rasgar a CLT que vigorava desde a era Vargas, o que nem a ditadura militar cogitou, jogando na lata do lixo ou deformando cerca de 200 artigos da legislação de proteção do trabalho. Longe dos 2 milhões de empregos prometidos só no primeiro ano, a reforma aprofundou o desemprego, manietou a Justiça do Trabalho e fez do Brasil um dos campeões mundiais da precarização. Quanto ao congelamento dos investimentos sociais imposto pelo teto de gastos, as terríveis dificuldades enfrentadas pelo Brasil durante a pandemia falam por si.

No entanto, a mídia se pintou para guerra depois que Lula e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, falaram do compromisso do partido de, a exemplo do que ocorreu na Espanha, lutar pela revogação da reforma trabalhista. Articulistas e porta-vozes dos barões da imprensa vociferaram também contra o aceno petista de rever as privatizações, o teto de gatos e a política de preços da Petrobras, o que, aliás, revela que a pré-campanha de Lula está no rumo certo.

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Chamam atenção a má-fé e a indigência intelectual presentes na defesa que a imprensa faz da reforma trabalhista, expressa não só no noticiário, mas também nos editoriais, nos quais são incapazes de apontar concretamente quaisquer benefícios trazidos ao país pela reforma.

Seria melhor, portanto, se economizassem tempo e fossem direto ao ponto: “a reforma trabalhista não pode ser alterada porque o mercado financeiro não concorda e ponto final.”

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Mas não passarão.

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