Temer: apenas mais um traidor afobado
Temer é um hipócrita. Clama por união quando durante todo este tempo tudo fez pela divisão, pela discórdia. Tramou pela queda de Dilma, dividiu seu próprio partido, minou as bases governamentais e contribuiu da melhor maneira que pode para a crise nacional
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Michel Temer tem rejeição de 58% e aparece na pesquisa do Data Folha para presidente com insignificantes 2% de intenção de votos. Políticamente e em termos eleitorais é um zero a esquerda.
Caso o impeachment viesse a se concretizar, como parte dos planos golpistas do vice-presidente e seus comparsas, o alto índice de rejeição a Temer indicaria claramente os resultados dele na cadeira de presidente: ambiente de insegurança política, e não governabilidade.
Exatamente o contrário do que ele prega em seu áudio de discurso presidencial vazado, antes mesmo da votação do processo pelo plenário da Câmara dos Deputados. Desta vez ele não pediu a ajuda da Rádio do Moreno. Enviou ele mesmo o arquivo a vários aliados no Congresso.
Na mensagem à Nação Temer se sente na mesa de Dilma e fala reiteradamente em apoio à iniciativa privada, em sacrifício da população nos novos tempos, e conclama à pacificação dos brasileiros e à unificação da classe política para o crescimento do país e o apoio ao governo.
Temer é um hipócrita. Clama por união quando durante todo este tempo tudo fez pela divisão, pela discórdia. Tramou pela queda de Dilma, dividiu seu próprio partido, minou as bases governamentais e contribuiu da melhor maneira que pode para a crise nacional.
Fala de governo de salvação nacional. Como? Nem por milagre Temer conseguiria essa façanha.
Suas ideias e seus parceiros já conhecemos. Estão elencadas no documento Ponte para o Futuro escrita por ele há algum tempo, melhor qualificadas por mim na ocasião como Ponte para o Abismo e pelo senador Roberto Requião como Ponte para o Inferno.
A imagem de ‘ponte’ que o vice agrega a si mesmo é clara: ser um instrumento de passagem para a retomada da reforma da Constituição e do Orçamento Nacional pelo Congresso, acabando com todas as vinculações de despesas instituídas pela Constituição de 1988.
Querem transformar a nossa Constituição Cidadã em Constituição contra o Cidadão. Estão mirando os interesses da elite, estão se lixando para a maioria dos brasileiros.
Numa demonstração clara de que pregam o retrocesso de conquistas garantidas pela Constituição de 1988, o documento peemedebista prega o fim das despesas constitucionais obrigatórias com saúde e educação, cujos valores passariam a ser estabelecidos no orçamento, anualmente.
Outro absurdo do atraso proposto pelo PMDB é o fim de todas as indexações, inclusive para salários e benefícios da previdência. Estas medidas estão na contramão da história, punem o trabalhador quando é jovem e ajudam a matá-lo mais rápido quando se aposenta.
Ou seja, os investimentos nestes setores ficariam a mercê dos humores do Congresso Nacional onde parte de suas bancadas, atuais são afeiçoadas ao toma lá dá cá.
Quando o documento propõe garantir segurança jurídica para investimentos e criação de empresas, aprimorando a concessão de licenciamentos ambientais, o que querem dizer, na verdade, é que se ignore as leis ambientais conquistadas após duras discussões no Congresso Nacional e fragilizadas pelo fortíssimo lobby feito cotidianamente pela bancada ruralista como aconteceu na Aprovação no Código Florestal.
O que pretendem quando dizem: ”mudar a política externa brasileira negociando acordos comerciais com Estados Unidos, Europa e Ásia com ou sem a participação do Mercosul? ” Obviamente trabalham contra uma América do Sul mais forte, unida e coesa contra os interesses dos EUA e suas potencias aliadas no nosso continente. São entreguistas declarados.
O que eles querem afirmar quando pregam ”a privatização do que for necessário para reduzir o tamanho do estado; e voltar ao regime de concessões na área de petróleo, em vez do de partilha ”?
Temer não teria o mínimo pudor de tentar repetir aqui a tendência mundial do capitalismo – esse mesmo capitalismo em crise global – de privatizar e de terceirizar serviços essenciais e trabalhadores, que podem ser dispensados a qualquer momento em qualquer situação e voltar para casa sem nenhum direito trabalhista garantido.
Temer defende na sua Ponte que “nas negociações entre patrões e empregados, os acordos coletivos prevaleçam sobre as normas legais. ” Isso quer dizer que querem que acordos coletivos - as vezes feitos por pelegos ou dificultados por momentos de crise - tenham valor maior que as leis, discutidas, aprovadas com a participação dos trabalhadores em anos e anos de lutas.
No áudio de fala à Nação Temer promete manter os programas sociais, mas na sua Ponte para o futuro ele escreveu que ” o país só terá condições de manter as políticas sociais se adotar um novo modelo econômico”. Qual Temer estaria falando a verdade? O da Ponte para O futuro ou o de hoje ?
Na mesma semana da divulgação do documento, um aliado do PMDB neste viés do retrocesso, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) propôs como relator do Orçamento de 2016, na Comissão de Orçamento da Câmara Federal, um corte de R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família. É isso que pretendem fazer se chegarem ao governo.
Temer e seus aliados não estão preocupados em comemorar com o Brasil a primeira geração de crianças que não passaram fome e estão na escola.
O Bolsa Família mantém 36 milhões de pessoas fora da extrema pobreza e garante que 17 milhões de crianças e adolescentes estejam na escola.
Todos sabemos que cortar no Bolsa Família é o pior crime que se pode cometer neste momento. Por que a oposição e sua turma não propõe taxar as grandes fortunas deste país? Ou cobrar os impostos de grandes empresas que são rotineiramente inadimplentes por anos e anos?
Porque não propõem uma Constituinte Exclusiva eleita especialmente para realizar as reformas necessárias para passar a limpo o atual momento do país – a Política, a Tributária e a do Judiciário – voltando seus componentes para casa após sua promulgação e convocação de eleições gerais já sob as novas regras?
Esse seria um processo democrático em que a sociedade participaria das propostas e discussões. Seria mais criativo, traria mais resultados e certamente não envergonharia a Nação.
O golpe não passará. Após a votação do processo de impeachment na Câmara, o que todos os brasileiros esperam de Temer é que ele renuncie à Vice-Presidência da República, porque no caso de viagens internacionais de Dilma – e isso certamente ocorrerá – a Presidência da República não poderá de forma alguma ser entregue a um traidor.
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