Temer 1%
"Michel Temer nunca foi bom de voto, porque nunca teve prestígio, nunca teve apoio popular. Na última eleição em que buscou o voto popular, para deputado federal, em 2006, teve que entrar na Justiça para superar a um outro candidato e poder, com seus parcos 70 mil votos, continuar deputado federal", lembra o colunista Emir Sader; "Agora quer ser presidente através de um golpe, sem submeter-se ao voto popular. Tem 1% de preferencia nas pesquisas para ser presidente da República e se organiza para governar para o 1% mais ricos do Brasil, contra os outros 99%"
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Michel Temer nunca foi bom de voto, porque nunca teve prestígio, nunca teve apoio popular. Na última eleição em que buscou o voto popular, para deputado federal, em 2006, teve que entrar na Justiça para superar a um outro candidato e poder, com seus parcos 70 mil votos, continuar deputado federal.
Agora quer ser presidente através de um golpe, sem submeter-se ao voto popular. Tem 1% de preferencia nas pesquisas para ser presidente da República e se organiza para governar para o 1% mais ricos do Brasil, contra os outros 99%.
Disse que ia reunificar o pais, mas só conversa com grandes empresários e seus economistas neoliberais, incorporando uma plataforma que ataca direitos fundamentais dos trabalhadores e retira recursos substanciais da educação e da saúde pública.
Entra naquela lógica de que as travas para a economia crescer são liberar ainda mais o capital dos custos da contratação de mão de obra e cortar mais gastos públicos, na busca de diminuir o endividamento público às custas dos direitos sociais da grande maioria. Quer impor um duro ajuste fiscal, às expensas dos trabalhadores, privilegiando ainda mais as concessões aos grandes empresários.
É que Temer escolheu seu lado, o do 1% mais ricos, correspondente ao apoio que tem nas pesquisas. Esse 1% que concentra a renda, o poder econômico, a pratica da especulação financeira, da sonegação, do envio ilegal de dinheiro para o HSBC, os das empresas nos paraísos fiscais – como os Papeis do Panamá recentemente revelaram –, o lado das famílias que monopolizam os meios de comunicação.
Tendo escolhido o lado do 1%, Temer escolheu também ter contra si os outros, os 99% que vivem do seu trabalho e não da exploração do trabalho alheio. Dos cidadãos comuns, que não podem expressar o que pensam porque os monopólios os impedem. Dos jovens que saíram às ruas dizer que se trata de um golpista, de um corrupto, de um traidor, de um sócio de Eduardo Cunha. Do povo que não perdoa a ruptura da democracia conquistada com tanto esforço e tanta luta.
Temer está do lado de Eduardo Cunha e não do lado do Lula. Do lado do Bolsonaro e não do lado do Jean Wyllys. Do lado do Gilmar Mendes e não do lado do Leonardo Boff. Do lado do Lobão e não do lado do Chico Buarque. Do lado da Globo e não do lado da mídia alternativa. Do lado da elite parasitária e não do povo trabalhador.
Se chegar a assumir o cargo de presidente, para o qual conspirou, até dar o golpe contra a democracia, terá a desonra, em alguma momento, que transmitir a faixa presidencial a Eduardo Cunha, a quem deve a vitória.
Se fosse um homem de coragem e não o covarde que é, se fosse um democrata e não o golpista que é, se fosse uma pessoa transparente e não o farsante que é, Temer assumiria esse programa e lançaria sua candidatura a presidente da República mediante o voto popular. Teria esse 1% ai dos votos. Porque esse programa atende o interesses desses 1%. Só pode tentar passar mediante um golpe, nunca em democracia. Só pode passar na realidade mediante a repressão.
Assim estão postas as coisas: o Temer do 1% contra o Brasil democrático dos outros 99%. Se houve democracia, Temer fracassa e ganha a democracia da grande maioria.
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