Tem muita ficha caindo...

"O ano em que o Brasil se perdeu vai terminando e as fichas vão caindo para todos que, por diferentes motivos, acreditaram que seria possível uma travessia para 2018 com o governo Temer, seu desastre econômico e suas atrocidades sociais. Aliados jogam a toalha e os governadores e a base aliada na Câmara dão banana para a equipe econômica. Boa parte do empresariado perde as ilusões e os analistas criticam duramente o atraso e a flacidez das medidas pró-aquecimento da economia", descreve Tereza Cruvinel, lembrando que "é principalmente a ficha do povo que está caindo"; ela acrescenta que "deu tudo errado" no plano dos golpistas e avalia que "o que pode forçar a saída pelas eleições diretas antecipadas para 2017 é a pressão popular"

Michel Temer
Michel Temer (Foto: Tereza Cruvinel)


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O ano em que o Brasil se perdeu vai terminando e as fichas vão caindo para todos que, por diferentes motivos, acreditaram que seria possível uma travessia para 2018 com o governo Temer, seu desastre econômico e suas atrocidades sociais. Aliados jogam a toalha e os governadores e a base aliada na Câmara dão banana para a equipe econômica. Boa parte do empresariado perde as ilusões e os analistas criticam duramente o atraso e a flacidez das medidas pró-aquecimento da economia. Mas é principalmente a ficha do povo que está caindo. Depois de um Datafolha com resultados desalentadores, a pesquisa CUT/Vox Populi, destacada pelo 247, aponta Temer como o presidente mais impopular da História, aprovado por apenas 8% (e por apenas 4% no Nordeste), e rejeitado por 55% dos brasileiros (e por 67% dos nordestinos).

É novamente hora de repetir a frase que Temer disse a respeito de Dilma, quando a popularidade dela caiu aos mesmos 8% que ele tem agora. "Hoje, realmente o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo". E ele, resistirá dois anos no mesmo patamar? Quando as reformas previdenciária e trabalhista, que castigam os mais pobres, começarem a tramitar para valer, a impopularidade fatalmente aumentará.

Depois de Ronaldo Caiado defender a renúncia de Temer e as diretas, agora foi o tucano Cássio Cunha Lima que admitiu ser muito difícil ele chegar ao fim do governo. Mas diferentemente de Caiado, ele especulou sobre a eleição indireta da presidente do STF, ministra Carmem Lúcia. Cada vez mais os tucanos avançam em busca de um arranjo, um pacto pelo alto, para se livrarem de Temer com indiretas. A verdade é que o plano deles fracassou. Imaginavam um governo mais bem sucedido, um presidente com maior liderança e firmeza, e não supunham que Meirelles viria para aprofundar a recessão. Se Temer se revelasse um presidente a la Itamar – um tanto insosso mas empenhado em enfrentar os problemas nacionais -, se a economia tivesse reagido e se o ajuste fiscal fosse menos indolor e mais eficiente, em 2018 o PSDB colheria os louros do golpe com a eleição direta de um tucano. Deu tudo errado. Amarrado a Temer, o PSDB chegará marcado para perder de novo em 2018.

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A ficha do povo demorou para cair porque foi colossal a intoxicação da consciência popular pela cruzada anti-Dilma, anti-Lula e anti-PT. Depois que a ex-presidente virou a Geni do país, a economia começou a claudicar, e a Lava Jato abriu fogo contra o PT por mais de um ano (só passando agora a cuidar do PMDB), instalou-se a percepção de que a saída de Dilma, embora injusta, embora golpista, poderia trazer dias melhores. Deu tudo errado. A recessão e o desemprego se aprofundaram, as reformas castigam os mais pobres e começa a ir para o ralo o que conseguimos de mais próximo do Estado de Bem Estar Social. Sem falar na corrupção, que perpassa os escalões mais altos do governo. O povo está dizendo isso nas pesquisas, mas para que possa fazer sua escolha nas urnas, é preciso encontrar a saída.

Não nos iludamos. O TSE não vai condenar Temer no processo contra a chapa que o elegeu com Dilma. O presidente do tribunal, Gilmar Mendes, não esconde que age para salvar Temer. Agora já fala que o julgamento da chapa pode ficar para o segundo semestre do ano que vem.  Entre recursos e procrastinações, chegaremos a 2018 e tudo pode se acomodar, com a desculpa de que estará faltando muito pouco tempo para a eleição presidencial.

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O que pode forçar a saída pelas eleições diretas antecipadas para 2017 é a pressão popular. Com tanta ficha caindo, ela poderá tomar impulso no ano que vem, com a força necessária para sacudir aquela casa onde se diz que o ronco das ruas é uma ordem.

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