Sutilezas e gentilezas na entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque
Em todos os discursos, tanto das autoridades como do agraciado, não faltaram citações a versos do compositor
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O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, foi muito feliz ao expressar o que muita gente pensava: “Chico é a melhor versão do Brasil”. Que tal, ministro, se dissermos que, a partir de agora, Chico ocupa um destacado lugar no panteão de toda a comunidade de países de língua portuguesa?
Estavam presentes à cerimônia de entrega do Prêmio Camões ex-premiados, como o escritor moçambicano Mia Couto, num gesto de homenagem e admiração ao colega brasileiro.
As autoridades destacaram o conjunto da obra de Chico. No discurso do agraciado, uma sutileza não passou despercebida e gerou muitos risos: Chico disse que usava uma gravata nova, comprada pela esposa Carol Proner, na manhã daquele mesmo dia. Um deboche diante do ti-ti-ti de parte da imprensa brasileira em relação a igual gesto da primeira-dama, Janja, dias atrás.
Em outro momento, em tom político, o homenageado disse que se sentia confortado, porque o ex-presidente teve “a rara fineza” de não subscrever o título, deixando espaço para o presidente democraticamente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
De modo muito afetivo, Chico homenageou seu pai, o historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, a quem dedicou o título. Contando as influências que dele recebeu, destacou as idas ao escritório do pai para consultá-lo e ouvir suas ponderações sobre seus textos . Sérgio Buarque também lhe transmitiu o gosto pela literatura, história, política e participação em movimentos democráticos no país. Embora essa não fosse certamente a intenção, trouxe à tona as contribuições do sociólogo, há pouco tempo duramente criticadas por outros pares.
Sem se arrogar mérito acima dos outros, Chico lembrou a letra de “Paratodos’’: “O meu pai era paulista, meu avô, pernambucano, o meu bisavô, mineiro, meu tataravô baiano [...]”. Disse que tem herança familiar de portugueses, africanos, judeus. Aos artistas brasileiros, fez uma bonita homenagem, lembrando a resistência ao obscurantismo cultural nos últimos anos. Presentes estavam a ministra da Cultura, Margareth Menezes, as cantoras Fafá de Belém e a portuguesa Carminho, intérprete de suas músicas.
Em todos os discursos, tanto das autoridades como do agraciado, não faltaram citações a versos do compositor. Afinal, literatura e música se complementam. Ao término da cerimônia, houve a execução da música “Tanto mar” ao piano, composta por Chico Buarque em homenagem à Revolução dos Cravos, que restaurou a democracia em Portugal e completa 49 anos nesta terça-feira, 25 de abril.
A festa foi bonita, pá!
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