STF vai investigar Moro e Dallagnol
"Não há mais dúvida, agora, de que Moro e Dallagnol serão investigados e julgados; a saída mais honrosa para Moro seria deixar o governo antes que a investigação comece, já que a sua absolvição é muito remota; e vai ficar pior ter de sair depois de ser condenado pelo STF", escreve Alex Solnik
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - A ordem para a Polícia Federal e o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília entregarem ao STF a íntegra das mensagens capturadas com o hacker e o inteiro teor do inquérito, logo depois de o ministro Luiz Fux proibir o ministro Sérgio Moro de destruir as mensagens do The Interept sinaliza que de agora em diante nada será como dantes no quartel de Abrantes: a investigação será tocada pelo Supremo, e o que o Supremo vai investigar não é o hackeamento, mas se foram cometidos crimes, e quais, nas conversas entre o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, o procurador-chefe da força tarefa, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato por meio do aplicativo Telegram.
Não faria sentido pedir os documentos apenas para serem examinados e não fazer mais nada. A investigação fará parte do inquérito que foi aberto por Toffoli para apurar ataques a ministros do STF, de fake news a calúnias e injúrias.
A reação enérgica primeiramente de Luiz Fux, que atendeu o pedido encaminhado pelo PDT e depois de Alexandre de Moraes, que reforçou a ordem estabelecendo prazo limite de 48 horas é um claro sinal de que a mais alta corte do país 1) confirma que as mensagens do The Intercept são verdadeiras; 2) não vai tolerar mais abusos da Lava Jato e 3) está “porrr aqui” com Moro e Dallagnol.
A gota d’água foram as revelações de que Dallagnol comandou, em 2016, uma investigação clandestina e ilegal do ministro Dias Toffoli, de sua mulher e da mulher do ministro Gilmar Mendes e vazou para a “Veja” delação da OAS a respeito de reforma num imóvel do atual presidente do STF, metendo-se numa encrenca federal.
Depois de expor publicamente Luix Fuz (“In Fux we trust”), Edson Fachin (“O Fachin é nosso aha-huhu”), comprou briga com Toffoli e Gilmar Mendes, que já têm solidariedade de Marco Aurélio Mello e terão, certamente, a dos demais colegas. Ou seja: Deltan já se indispôs com cinco dos 11 ministros. Falta um para derrotá-lo em qualquer julgamento. Vai sair da Lava Jato e do MPF.
Esgotam-se também as chances de Moro sair ileso do episódio. Ele pisou na bola ao avisar autoridades de que tinham sido hackeadas, mas que ficassem tranquilas pois ele mandaria destruir tudo. Pegou mal. As pessoas não gostaram de ser incluídas no rol de suspeitos. Nem de serem “protegidas” pelo ex-juiz. Afinal, só precisa de proteção quem cometeu algum crime.
O que interessava a Moro era manter o foco no hackeamento, e não nas conversas escandalosas que envergonharam a Justiça brasileira.
Baldados seus esforços, está na véspera de sentar-se no banco dos réus, o que enterra para sempre sua pretensão de ganhar uma cadeira no Supremo, acena com a abreviação de sua temporada no ministério e abala sua propalada carreira política.
Não há mais dúvida, agora, de que Moro e Dallagnol serão investigados e julgados.
A saída mais honrosa para Moro seria deixar o governo antes que a investigação comece, já que a sua absolvição é muito remota.
E vai ficar pior ter de sair depois de ser condenado pelo STF.
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