Somos radicais?



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O que é ser radical? O que de fato significa ser radical num tempo em que o fascismo “ainda está ao nosso redor, as vezes em trajes civis”, como escreveu Umberto Eco?Os fascistas são radicais de direita, seus projetos ligados ao nacionalismo, sua pauta de costumes atrelada a um moralismo religioso medieval e a uma economia fortemente liberal são defendidos por eles radicalmente. O fascismo é um totalitarismo confuso e radical, sem ideologia, é antes uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas, um alveário de contradições; culto à tradição, a recusa da modernidade, o culto da ação pela ação, a suspeita em relação ao mundo intelectual, o medo da diferença [o fascismo é racista]; o fascismo provém da frustração individual ou social, por isso o apelo às classes médias frustradas, desvalorizadas por crises econômicas ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais subalternos, e na raiz da psique do fascismo, está a obsessão da conspiração. Os fascistas, têm que se sentirem sitiados; há ainda o elitismo, o reacionarismo e aspectos de reverência à aristocracia, além do desprezo pelos fracos; há um heroísmo patológico, que se reflete na sua vontade de poder para as questões sexuais, são machistas, são intolerantes; há ainda o populismo de direita, no qual apenas o líder ser apresenta como único interprete da vontade comum.Os fascistas põe em duvida a legitimidade do congresso e do Poder Judiciário, porque para eles apenas o líder heroico pode representar a voz o povo; os fascistas buscam limitar os instrumentos formativos de um pensamento complexo e critico.

Mas à esquerda também há radicais, revolucionários da rede social e saudosos do fracassado totalitarismo stalinista.

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Mas há um tipo de radical contemporâneo que busca construir uma sociedade democrática, livre e de iguais; que conhece o sistema e sua precariedade e vulnerabilidade as “influências técnicas”, sempre colidentes com seus valores inegociáveis: democracia, liberdade e igualdade. A igualdade é um conceito, ou um valor, grandemente radical, tanto que quem a defende é chamado de comunista em tom desabonador, é como Dom Helder Câmara disse uma vez “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”. Mas é fato que quando se pensa em radicalismo político o que vem à nossa mente é o socialismo e revoluções como a de 1917, traída pela burocracia embolorada dos escaninhos do partido único.Para romper com o domínio sistêmico, que escraviza e gera desigualdades humanas, não é necessário ser revolucionário, mas é necessário ser radical: radicalmente democrata, radicalmente pró-liberdade e pró-igualdade. Não são apenas as revoluções capazes de produzir mudanças, pois, a democracia participativa e popular também.

Somente essa democracia é capaz de realizar mudanças, manter o controle e reconhecer a História em movimento; somente com o reconhecimento e validade dessa dialética, aceitaremos que o novo, estabelecido pela mudança, já é velho e por isso sofrerá válida e necessária mudança com vistas ao aperfeiçoamento.

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Esse terceiro grupo de radicais, não são conservadores, tradicionalistas ou saudosistas, porque conhecem o passado, mas vivem o presente com os olhos no futuro, reconhecem a dialética social e os novos movimentos sociais, como feminismo, LGBT, ecológico e Direitos Humanos, etc.

Vivemos um mundo distópico, onde o caos é a regra, a acumulação de riqueza na mão de poucos causa aumento na miséria e da pobreza, tudo porque não somos radicalmente militantes da democracia, da liberdade e da igualdade.

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Essas são as reflexões.

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