Sombra da ameaça militar valida vale-tudo da máquina bolsonarista

"A débil democracia brasileira, tutelada pelas cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, resiste o que pode para não sofrer o golpe fatal", diz Jeferson Miola

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil | Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reuters/Adriano Machado)


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Por Jeferson Miola, para o 247

A eleição deste ano está marcada por um sem-fim de práticas ilícitas, corrupção, desvios, banditismo político, usos e abusos da máquina pública pelo candidato situacionista. É um verdadeiro vale-tudo criminoso do bolsonarismo.

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O governo militar aparelhou o Estado para fins eleitorais como nunca  antes visto. Aviões da FAB transportam políticos, fundamentalistas  religiosos, militares e celebridades de extrema-direita de ponta a ponta  do país para eventos da campanha eleitoral.

Instituições de Estado são instrumentalizadas para viabilizar  objetivos ilegais do governo –como se deu, por exemplo, com a atuação do  CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] na investida para  intimidar os institutos de pesquisas.

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O orçamento secreto, abastecido com dinheiro desviado do  SUS, das Universidades e de áreas essenciais, irriga um esquema  bilionário e corrupto de clientelismo e compra de votos. Favores e  auxílios demagógicos de última hora são criados magicamente para cooptar  o eleitorado.

As repartições públicas foram aparelhadas e convertidas em comitês de  campanha. O gabinete presidencial é uma usina de fabricação e  disseminação de mentiras.

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Empresários inescrupulosos e charlatães religiosos turbinam redes  criminosas que atuam em variadas frentes, da coação a trabalhadores ao  doutrinarismo vulgar nos cultos dos templos caça-níquel.

A escória bolsonarista “nada de braçada” no esgoto das redes sociais,  um ecossistema sem-lei a partir de onde fazem circular impensáveis  delírios e baixarias.

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A chamada “família militar”, espaço ampliado da sociabilidade  reacionária e ferozmente antipetista, fornece o substrato ideológico que  concatena a ofensiva contra Lula de atores barra-pesada das polícias  militares, das Forças Armadas, CAC’s, empresas de segurança e milícias.

Perto dos ilícitos e da montanha de crimes perpetrados por Bolsonaro e  cúpulas militares na eleição deste ano, os esquemas fraudulentos da  chapa militar Bolsonaro/Mourão na eleição de 2018 ficam parecendo coisa  de amadores.

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O candidato Bolsonaro, que coleciona mais de uma centena de pedidos de impeachment pela prática continuada de crimes comuns e de responsabilidade, também comete crimes eleitorais em série.

Bolsonaro e as cúpulas militares constantemente atacam as  instituições e insultam ministros do TSE e STF para quebrarem as  resistências às ofensivas autoritárias.

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Em democracias minimamente funcionais e com o sistema de justiça  funcionando livremente e sem intimidações explícitas ou veladas, a chapa  do governo militar Bolsonaro/Braga Netto sequer poderia concorrer, pois  já teria sido cassada.

Todo mundo – mas todo mundo mesmo – sabe o que está acontecendo na  eleição brasileira, marcada por ameaças, corrupção, banditismo fascista  e, ainda, pela intimidação e propagação do medo.

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A débil democracia brasileira, tutelada pelas cúpulas partidarizadas  das Forças Armadas, resiste o que pode para não sofrer o golpe fatal. A  sombra da ameaça militar valida o vale-tudo da máquina  fascista-bolsonarista.

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