Solidariedade: Gilmar não sabe o que é isso
Sugiro a todos os cidadãos honestos deste país que participaram da campanha de arrecadação de fundos para o pagamento de multas impostas pela Justiça, que se dirijam pacificamente ao gabinete do ministro Gilmar Mendes
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As declarações do ministro Gilmar Mendes sugerindo que o Ministério Público investigue as doações feitas por cidadãos brasileiros aos sites de arrecadação de fundos para o pagamento das multas impostas a José Genoino e a Delúbio Soares, não me surpreende, apesar de me enojar.
Essa cantilena faz parte da estratégia da direita para continuar a vã tentativa de humilhar os integrantes do Partido dos Trabalhadores condenados pela Ação Penal 470. Faz parte do recalque que desenvolveram nos últimos anos por não conseguirem tirar do poder um partido que tem um rumo definido, na direção principalmente de retirar da miséria milhões de brasileiros e fazer o Brasil mudar de patamar na História.
O ministro Gilmar Mendes, acusado de sonegação fiscal e desfalque no IDP, Instituto Brasiliense de Direito Público, fundado por ele e outros juristas em 1998, não pode mesmo entender o que representa a palavra e o sentimento de solidariedade despertado em brasileiros que percebem a farsa que representou este julgamento, montado como um palco para entrar na história e denegrir o PT.
Ele está mais próximo de valores menos abstratos, como os milhões de reais que o seu instituto fatura anualmente, por meio de convênios com a União, o STJ e o Congresso Nacional. Quem visitar o site do IDP perceberá facilmente também que ele é usado para colocar em evidência a figura e a trajetória do ministro.
E não se pode dizer que as acusações de falcatruas contra Gilmar Mendes foram montadas por uma parte da imprensa. À época dos escândalos revistas de grande circulação nacional, com linhas editoriais opostas e conhecidas dos brasileiros como Carta Capital e Veja divulgaram amplamente os fatos e eles passaram anos luz de distância do que deveria constar do currículo de um ministro do STF.
Em acusação formalizada na Justiça em 12 de agosto de 2010 – e que passou a tramitar em segredo de Justiça em abril de 2011 –, seu sócio no IDP, o ex-procurador-geral da República Inocêncio Mártires Coelho, demonstra que Gilmar fez retiradas ilegais e desfalcou o caixa do Instituto, sonegou impostos e exigiu “pedágio dos outros sócios para servir, como ministro do STF, de ‘garoto propaganda’ da instituição educacional. Tudo ao arrepio da Lei Orgânica da Magistratura, que veda aos juízes o exercício de outra atividade a não ser a de professor”.
É claro que Gilmar Mendes não entende o que significa o sentimento de solidariedade dos companheiros petistas que foram forjados na luta contra a ditadura imposta neste país pelos militares; que cresceram juntamente com o Partido dos Trabalhadores, participando de greves e passeatas, apanhando da polícia, indo para a cadeia, organizando sindicatos, defendendo no dia a dia os direitos das classes trabalhadoras do Brasil.
Gilmar deveria, no entanto, pelo menos saber qual é o papel de um ministro do STF. Assim como outros de seus pares que instituíram no Brasil a figura do ministro pavão, aquele que adora luzes e câmeras e dá entrevista sobre tudo e sobre todos, ao contrário da postura séria e distanciada dos ministros das cortes supremas de grandes países democráticos do mundo.
Volto a defender aqui, como já fiz em vários outros artigos, que os ministros do Supremo passem a ser escolhidos pelo povo, em votação direta, e que possam ser substituídos caso não cumpram sua função a contento, ou caso pese contra eles denúncias de improbidade administrativa ou corrupção.
Sugiro a todos os cidadãos honestos deste país que participaram da campanha de arrecadação de fundos para o pagamento de multas impostas pela Justiça, que se dirijam pacificamente ao gabinete do ministro Gilmar Mendes, com seus contracheques, para demonstrar que mesmo com salários bem menores do que os declarados pelo ministro à Receita Federal, eles conhecem sim o importante significado da palavra solidariedade, demonstrada por mais de uma vez nas últimas semanas por brasileiros e brasileiras de todas as matizes.
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