Socos na casa da diplomacia é alerta para Lula

Depois do episódio de violência na sede do Itamaraty, a colunista Denise Assis alerta para o risco de Lula manter a sua segurança sob o guarda-chuva do GSI

Delis Ortiz
Delis Ortiz (Foto: Reprodução)


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Para o Jornal Nacional, óbvio, a agressão aos jornalistas durante entrevista do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em visita oficial a Brasília foi culpa dos seus seguranças, acostumados que estão a um regime truculento, aos olhos da Rede Globo, sempre. “Agentes de segurança do Gabinete Institucional da Presidência (GSI)”, entram como complemento, fechando a frase, no texto do site da emissora.

O que é preciso destacar, no entanto, e com bastante ênfase, para que fique claro como o sol, é que no incidente de violência gratuita contra a mídia estava no papel de protagonista do suposto soco desfechado contra o peito da jornalista Delis Ortiz, um agente do GSI.

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Quis o destino que a cena se passasse justo no Itamaraty, a casa da diplomacia que tem por tradição: o diálogo, a tolerância, a delicadeza e a elegância. Ou seja: tudo errado, no lugar errado e na hora errada.

Procurado, o general Antônio Amaro, o chefe do Gabinete Institucional, responsável pela Inteligência e pela Segurança dos “próprios”, do governo, saiu-se com a frase protocolar: “tudo será apurado em detalhes”. Claro. Depois da porta arrombada, sempre se lança mão desta fala, que pode vir com outros verbos, outros substantivos, mas com o mesmo resultado para a sociedade: “não amola. Mais tarde cuidaremos disso.” E passam-se meses, até que o assunto é esquecido ou surge um novo incidente.

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Aqui é preciso parar e dar uma cutucada no presidente Lula, como ele pediu, e dizer: “Não falamos”? Não foram poucos os estudiosos, cientistas políticos e pesquisadores do tema militar a dizer: “não coloque o GSI nas mãos de um militar novamente”. E, ainda: “dissolva o GSI e remonte a estrutura com um comando civil”. Porém, nessa wibe contorcionista de agrada aqui, desvia dali concilia acolá, cuidado com os militares! só ia mesmo acabar dando ruim. E deu.

Um garoto, que se for procurar pela matrícula deve ter entrado depois de 2019 - portanto, sob o comando do general Augusto Heleno -, foi o rei da confusão. Imaturo, despreparado, visivelmente apavorado numa situação de empurra-empurra, partiu para o tudo ou nada, no melhor estilo adotado pelo antigo chefe, supondo que fosse o general Heleno.

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De nada ou pouco adianta o general Amaro vir para a mídia dizer que está reformulando tudo, que tem planos de mesclar o Gabinete com civis e militares, e que “daqui pra frente/ tudo vai ser diferente”. É da natureza militar criar quizumba com a mídia em situações tensas. Imprensa para eles é palavrão, merece levar “porrada” e ser mantida a distância.

Na primeira semana de junho vence o prazo para que o presidente Lula defina se quer dissolver o conjunto de policiais federais formados para dar-lhe segurança, provisoriamente, depois de 8 de janeiro, ou se quer que o serviço seja feito por militares ligados ao GSI. A briga surda está comendo solta entre o general Amaro e o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para ver quem tem a subida honra.

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Se pudesse daqui dar mais uma cutucada no ombro do presidente Lula, eu diria: “presidente, presidente! O episódio no Itamaraty não foi ilustrativo o suficiente para alertá-lo de que não vai dar certo?”. O melhor é que Lula cerque-se de policiais civis. Sob pena de ver o seu cotidiano se transformar em uma coreografia constante de socos e sussurros.

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