Sobre a pornografia e a espetacularização do sexo
Há bastante tempo, se discute o uso contrarrevolucionário da pornografia em nossa sociedade, para além do interdito religioso. Pelo menos, desde a obra de Marquês de Sade e de Casanova
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Herbert Marcuse, falando da liberalização dos costumes e ideias sexuais na década de 60 (a década da minissaia, da pílula anticoncepcional, do aborto e do amor livre) disse que a chamada "revolução sexual" era uma estratégia da sociedade industrial para conter o que seria uma verdadeira emancipação do sexo. É que a liberalização do uso da pornografia nos colocava a todos na condição de "voyeuristas" da sexualidade, mas nos impedia de praticá-la.
Há bastante tempo, se discute o uso contrarrevolucionário da pornografia em nossa sociedade, para além do interdito religioso. Pelo menos, desde a obra de Marquês de Sade e de Casanova. Quando uma instalação ou intervenção artística é feita, inopinadamente, na rua por um produtor cultural, sob alegação de denúncia ou protesto contra o assassinato de mulheres e sua impunidade, e as pessoas correm para aplaudir, é preciso discutir as implicações culturais e políticas de tal manifestação. -É uma política de gênero? É uma estratégia Boa imagético-discursiva contra o feminicídio? É uma jogada de marketing para promoção pessoal do autor? Reivindica o movimento feminista para si tal manifestação? 0u é aquilo que os franceses denominam de "empate lê Bourgeois "?
Numa sociedade do espetáculo e do consumo, tudo pode ser apropriado e se transformar em propaganda, em mercadoria ou num mero "flautis vocis", discurso vazio, perlocutório , destinado a persuadir pelo efeito retórico ou o choque moral que causa. Convivia aos bem-pensantes e combativos militantes da causa feminina refletir um pouco sobre essas manifestações, antes de formar um juízo apressado sobre elas.
PS. Quem escreveres mal traçadas linhas não é nenhum moralista ou puritano. É um adepto da causa feminina.
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