Sob a sombra do golpe

Quando comemoramos os 12 anos de Lei Maria da Penha, urge lutar por nossa democracia e pelos direitos das mulheres; Lutar pela implementação de uma Lei que fez toda a diferença na prevenção e no combate à violência doméstica; Antes de sua sanção, as mulheres não tinham estímulo para denunciar

Sob a sombra do golpe
Sob a sombra do golpe (Foto: Agencia Brasil/Fabio Rodrigues )


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Este ano comemoramos os 12 anos da Lei Maria da Penha sob a sombra de um golpe que sequestrou, não apenas os 54 milhões de votos que elegeram Dilma Rousseff, mas qualquer possibilidade de avanço para as políticas de combate à violência contra a mulher.

O governo ilegítimo compôs uma equipe de homens brancos, retirou o status de Ministério da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e vem, sistematicamente, cortando recursos para a área. Já se vão quase 2 anos que Michel Temer ocupa, sem votos, o cargo máximo do país, e a pasta já passou por 3 subordinações: começou pelo Ministério da Justiça, foi para a Secretaria de Governo e agora integra o Ministério dos Direitos Humanos.

Além dessa falta de prioridade para com esta política, o ataque diário à democracia é terreno fértil para a intolerância, o preconceito e a disseminação de discurso e ações derivadas do ódio. Quanto mais precisamos reforçar as políticas de combate à violência, menos se investe nelas.

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Neste ambiente, a Lei Maria da Penha, à exemplo do que já aconteceu com a legislação trabalhista, corre enorme risco de retrocesso. Mais grave, porque, neste caso, o desgoverno não precisará de qualquer esforço para promover alterações. Basta matá-la por inanição.

Por isso, quando comemoramos os 12 anos de Lei Maria da Penha, urge lutar por nossa democracia e pelos direitos das mulheres. Lutar pela implementação de uma Lei que fez toda a diferença na prevenção e no combate à violência doméstica. Antes de sua sanção, as mulheres não tinham estímulo para denunciar, pelo contrário, 90% dos casos, sob responsabilidade dos juizados especiais criminais, eram arquivados ou aplicava-se uma transação penal - cestas básicas ou multas - e o agressor voltava para casa ainda mais raivoso. O medo de ver sua situação ainda mais agravada fazia com as mulheres evitassem as denúncias.

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Tirar os casos de violência doméstica contra as mulheres dos juizados especiais criminais foi uma grande conquista. Não havia como esperar efetividade de uma pena que só piorava a situação das vítimas, expondo-as à mais violência. E elas se calavam. Por elas e por seus filhos. Temendo "provocar" a ira daqueles para os quais a justiça era condescendente. A existência e aplicação da lei já criaram um novo marco no sistema de justiça brasileiro, já ultrapassamos 1 milhão e 400 mil processos, milhares de prisões em flagrante e salvamos mais de 300 mil vidas. Mas os dados de violência e feminicídio ainda são alarmantes e demonstrativos da sociedade machista e patriarcal em que vivemos, agravada pela restrição democrática.

Num país onde 2 milhões de mulheres são espancadas por ano, uma a cada 24 segundos, há que se dar prioridade para reverter este quadro. Isso não se efetivará nesta escalada de retirada de direitos e asfixia dos investimentos. Onde a prioridade é mais concentração de riqueza e poder ao capital financeiro em detrimento do que é melhor para os brasileiros e brasileiras.

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Nossa luta deve ser diária. Sem trégua para o avanço conservador e fascista sobre nossos direitos. Nossa voz deve se elevar em defesa da democracia e do que ela representa para uma sociedade onde homens e mulheres são iguais em direitos e deveres.

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