Só resta a judicialização à direita
"A proximidade das eleições foi instalando o pânico na direita. Como manter o governo, com 90% da população rejeitando qualquer candidato identificado com o governo? (...) A direita foi ficando reduzida, nas suas tentativas de derrotar o Lula, à judicialização da política. Isto é, à condenação jurídica, mesmo sem provas, que inviabilize a candidatura e tire do povo o direito de escolher, pelo voto democrático, quem deve dirigir o Brasil. Daí a concentração dos esforços da direita nos processos contra o Lula. Porque se convenceram de que, se é candidato, Lula ganha, inclusive no primeiro turno", escreve o colunista Emir Sader
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O golpe foi resultado de uma monstruosa operação, que deu certo. Conseguiram convencer a opinião pública – manipulada por eles – de que o país estava numa situação econômica caótica como resultado dos governos do PT e da corrupção em que esse partido estava envolvido. Construíram uma maioria parlamentar para forjar as condições do impeachment e contaram com a conivência do Judiciário.
Em pouco tempo essa operação foi desarmada na opinião pública, mas a sobrevivência do governo golpista permite que a direita desmonte tudo o que houve de positivo nos governos do PT. Como efeito, o governo ficou reduzido a um apoio próximo do zero, contanto com a mídia, a maioria no Congresso e com a complacência do Judiciário para sobreviver.
Porém, a proximidade das eleições foi instalando o pânico na direita. Como manter o governo, com 90% da população rejeitando qualquer candidato identificado com o governo?
Veio a busca desesperada de nomes, dentro dos partidos tradicionais, e fora, conforme aqueles não decolam nas pesquisas ou mostram rapidamente teto, incapazes de disputar com Lula. Depois de nomes de fora da política tradicional, com o mesmo resultado inócuo.
Assim, a direita foi ficando reduzida, nas suas tentativas de derrotar o Lula, à judicialização da política. Isto é, à condenação jurídica, mesmo sem provas, que inviabilize a candidatura e tire do povo o direito de escolher, pelo voto democrático, quem deve dirigir o Brasil. Daí a concentração dos esforços da direita nos processos contra o Lula. Porque se convenceram de que, se é candidato, Lula ganha, inclusive no primeiro turno.
À direita brasileira resta então se chafurdar ainda mais na trama do golpe, em que a expropriação do direito soberano do povo de eleger o presidente do Brasil é um elemento chave, indispensável para dar continuidade ao programa neoliberal do governo golpista.
Mas uma coisa é quererem, outra é poderem tirar o Lula das eleições. Juízes, cujas arbitrariedades foram incentivadas pela mídia e toleradas pelo STF, acreditam que têm o poder de decidir quem pode e quem não pode candidatar-se nas eleições. Eles sabem que repousa neles a última cartada, a bala de prata da direita, para tentar impedir que Lula volte a ser o presidente do Brasil.
A isso fica reduzido um governo neoliberal, isolado porque se enfrenta aos interesses da maioria esmagadora da sociedade, porque não tem a legitimidade de um governo eleito. Depende então das manipulações jurídicas de alguns personagens obscuros, que se julgam com o poder de tirar do povo o direito de decidir os destinos do pais.
O direito, que deveria garantir o reino das leis, se torna instrumento de ruptura da democracia. A luta democrática se desenvolve contra a judicialização da política.
A oposição direita/esquerda nunca foi tão clara. A esquerda se apóia na mobilização popular, na luta de massas, no resgate da política, enquanto a direita joga tudo na judicialização, apoiada no monopólio privado da mídia e no governo mais corrupto da história do país.
Em poucos meses, 9 ou 10, o Brasil decidirá sobre o seu destino por muito tempo, talvez por toda a primeira metade do século XXI. Todos têm que dar o melhor de si, a capacidade de convencimento das pessoas, de transformação da indignação em ações concretas, em organização e em capacidade de formulação de propostas para o país.
2018 terminará com um país rendido ao poder dos bancos e dos golpistas, ou recuperado para a democracia plena, recuperando o direito como suporte da democracia.
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