Só presidente do Peru ausente no retiro de Lula com líderes da América do Sul
Com o encontro, Lula busca fortalecer a América do Sul no tabuleiro político global
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O presidente Lula convidou os presidentes da América do Sul para um ‘retiro’ na próxima terça-feira, dia 30, em Brasília. O objetivo do ‘retiro’ é a retomada do diálogo direto entre o Brasil e os demais países da região, após distanciamento – e agressões, no caso da Argentina e do Chile – durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula pretende conversar com cada um dos colegas, ouvindo os desafios locais e regionais em um momento em que a extrema-direita se posiciona em alguns dos países, como no Chile, na Argentina e no Paraguai.
Com o encontro, Lula busca fortalecer a América do Sul no tabuleiro político global. E vitalizar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Na gestão de Bolsonaro, o Brasil saiu da Unasul por decreto. Logo após a eleição de Lula, o Brasil retornou ao grupo regional criado em 2008 e que passou a funcionar em 2011 para melhorar a integração. Em 2019, com presidentes de direita, foi criada a Prosul, buscando substituir a Unasul. Uma disputa que Lula buscará, agora, combater, formalmente, com o ‘retiro’ em Brasília.
Nesta sexta-feira, todos os convidados, incluindo Nicolas Maduro, da Venezuela, Gabriel Boric, do Chile, Gustavo Petro, da Colômbia, Alberto Fernández, da Argentina, tinham confirmado presença, segundo fontes do governo Lula e dos respectivos convidados. Governado há cinco meses pela que foi vice do ex-presidente Pedro Castillo, Dina Boluarte, o Peru será o único país, entre os convidados, que não enviará presidente. O governo peruano enviará o presidente do Conselho de Ministros (equivalente a primeiro-ministro).
Apesar da crise política no país, Guillermo Lasso, do Equador, também está entre os confirmados. Na semana passada, Lasso assinou um decreto, previsto na Constituição do país, chamado ‘morte cruzada’, dissolvendo a Assembleia Nacional. Para os legisladores da esquerda, foi um ‘golpe’. Para Lasso, a medida está prevista na lei. Para o ex-presidente Rafael Correa, será a oportunidade para que a esquerda volte a ser eleita para a Presidência.
Na sequência do decreto ‘morte cruzada’, foram convocadas eleições antecipadas para o próximo dia 20 de agosto e Lasso, de direita, governará seis meses por decreto, contrariando os ex-legisladores que perderam os postos quando estavam prestes a votar o impeachment de Lasso. Um contorcionismo político equatoriano que colocou a América Latina – especialmente a América do Sul – nas páginas da imprensa internacional.
O ‘retiro’ em Brasília será realizado quando os presidentes observam as ações do presidente e sua equipe no cenário internacional, incluindo a Guerra na Ucrânia. Nos bastidores do governo argentino, lembraram que Fernández já estará se despedindo dos encontros presidenciais porque não disputará a eleição do dia 22 de outubro deste ano. Numa conversa reservada, Lula disse ao amigo argentino que estava decepcionado, que esperava que ele disputasse novamente a cadeira presidencial na Casa Rosada. Fernández, porém, já vinha encontrando dificuldades para ser respaldado dentro do próprio kirchnerismo. Solitário, governa um país com uma série de desafios, como a inflação descontrolada e o distanciamento explícito de sua vice-presidente e ex-presidente Cristina Kirchner. Lula, segundo fontes, estaria preocupado com o avanço do presidenciável de ultradireita Javier Millei, amigo dos Bolsonaro, na Argentina.
Há poucos dias, o Paraguai elegeu o ex-ministro da Fazenda, Santiago Peña, para a Presidência. Integrante do Partido Colorado, Peña recebeu uma votação superior às expectativas e todas as pesquisas erraram nas suas estimativas. O ex-candidato da extrema-direita Paraguayo ‘Payo’ Cubas recusou o resultado e seus apoiadores – entre eles, muitos jovens – fizeram protestos que acabaram na prisão de alguns deles. ‘Payo’ Cubas também foi detido.
Na Colômbia, Petro acabou de conseguir a primeira aprovação da reforma do sistema de saúde, uma de suas bandeiras na campanha presidencial. A aprovação ocorreu depois que Petro, que não tem maioria no Congresso, demitiu vários de seus ministros. O texto ainda precisa ser ratificado, em novas votações, na Câmara e no Senado. O presidente colombiano é um dos mais entusiasmados com o ‘retiro’, assim como seu colega Boric, do Chile, que, no início deste mês de maio, após eleição nacional, reconheceu a vitória da extrema-direita para a redação do projeto da nova constituição do país. Uma guinada que mostra um Chile pendular depois das manifestações que pediam mudanças e que levaram à eleição de Boric, há um ano e cinco meses, em dezembro de 2021.
Não faltarão assuntos no ‘retiro’ liderado pelo presidente Lula.
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