Só o otimismo e a democracia podem salvar o futuro
Progressivamente novas forças acorrem à frente que defende a democracia, e as mobilizações contra o golpe se intensificam. Se 2016 foi um ano de muitas derrotas para o Brasil, em 2017 nos cabe a responsabilidade de reorganizar a esperança em um futuro melhor e combater duramente a escuridão que se alastra
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Em uma das mais brilhantes passagens de sua obra, o filósofo italiano Antônio Gramsci, que dedicou a vida à construção da justiça social e ao combate do fascismo, propôs o equacionamento necessário para lidar com a realidade quando os tempos, como nos dias que correm, se tornam demasiadamente difíceis."Jamais desesperar e não cair nunca naqueles estados de espírito a que se chamam pessimismo e otimismo. Meu estado de espírito sintetiza esses dois sentimentos: sou pessimista com a inteligência mas um otimista com a vontade."
Os acontecimentos do último ano, principalmente em nosso país, empurram a inteligência nos caminhos do pessimismo. Fomos vítimas de um golpe de estado que lançou por terra nossa jovem democracia, instalou-se no poder um governo ilegítimo e ditatorial que em velocidade assustadora, e sem o menor constrangimento, promove o saque do patrimônio público, o desmonte de direitos construídos em décadas de luta, o empobrecimento vertiginoso dos trabalhadores, a criminalização das forcas democráticas e o silenciamento das vozes que lhe sejam contrárias. Só a cumplicidade ou a obtusidade mais profunda podem evitar determinado grau de desânimo diante de um cenário tão sombrio para a grande maioria de nosso povo.
Pesadas a legitimidade e a inevitabilidade do pessimismo que viceja em tal conjuntura é preciso que combatamos seus efeitos paralisantes e dissolutivos sobre as forças democráticas da nação. Não podemos sucumbir ao desânimo, filho do pessimismo, sob pena de que o mal triunfe indefinidamente e lance na miséria mais medonha o nosso futuro e das gerações que virão. Por mais duro que seja o tempo presente é preciso saber que o futuro ainda será escrito e que não estamos condenados a nada.
É hora de se armar do otimismo da vontade e disputar o futuro contra as forças da escuridão. A primeira de nossas tarefas, como bem colocou a presidenta Dilma em entrevista na Espanha nesta terça-feira, dia 24, é o restabelecimento da democracia. O governo golpista, por sua própria natureza e pelo caráter antipopular de seu projeto, só pode prosperar na ausência da democracia. A cada dia fica mais evidente que o projeto em curso não é capaz de sobreviver ao escrutínio das urnas, e por isso mesmo o evitará a qualquer custo, e que só um governo legitimamente eleito pode unificar a nação e recolocá-la nos trilhos do desenvolvimento e da justiça social.
Desde de 2003 e durante 13 anos vimos do que o Brasil e os brasileiros são capazes, superamos dificuldades enormes e construímos o que parecia impossível: uma nação moderna, forte economicamente, sem fome, com possibilidades reais de ascensão social e com todos os seus filhos amparados por uma rede de serviços públicos fundamentais. Setores importantes da sociedade começam a, finalmente, perceber a iniquidade do projeto golpista e o fato cada vez mais claro de que ele levará ao enriquecimento de pouquíssimos ao empobrecimento de quase todos e a ruína da nação. Progressivamente novas forças acorrem à frente que defende a democracia, e as mobilizações contra o golpe se intensificam. Se 2016 foi um ano de muitas derrotas para o Brasil, em 2017 nos cabe a responsabilidade de reorganizar a esperança em um futuro melhor e combater duramente a escuridão que se alastra.
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