Só numa ditadura deputado vai para o exílio

"A reação do governo à decisão do deputado Jean Wyllys de se auto-exilar porque está ameaçado de morte e se sente inseguro no Brasil é chocante e preocupante. E depõe contra o governo. Só numa ditadura deputado vai para o exílio", afirma Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia; "O governo, ao contrário, reagiu com indiferença e escárnio", diz; "Seu viés autoritário não admite dialogar com o opositor ideológico que é gay: prefere que vá para o exílio, como ocorre nas ditaduras, não nas democracias"

Só numa ditadura deputado vai para o exílio
Só numa ditadura deputado vai para o exílio (Foto: Guilherme Santos - Sul 21)


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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia

A reação do governo à decisão do deputado Jean Wyllys de se auto-exilar porque está ameaçado de morte e se sente inseguro no Brasil é chocante e preocupante. E depõe contra o governo. Só numa ditadura deputado vai para o exílio.

Um governo normal, democrático, bem-intencionado, preocupado com o bem-estar de seus cidadãos teria imediatamente despachado diplomatas para tentar demovê-lo da decisão: trata-se de um deputado; teria feito uma declaração pública de que garantia a segurança do deputado para ao menos manter as aparências; teria feito um apelo público para ele voltar a Brasília.

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Deveria se empenhar em mostrar que o Brasil é um país seguro para Jean Wyllys, para todos os gays e para todos os cidadãos, passando uma borracha no episódio em que ele foi xingado pelo deputado Bolsonaro e retribuiu com uma cusparada. 

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Se um deputado – por ser gay – não se sente seguro no país, como vão se sentir gays que nem deputados são? E quem não é gay, mas não gosta de Bolsonaro, vai se sentir seguro? O governo, ao contrário, reagiu com indiferença e escárnio. Bolsonaro comemorou, ao lado do filho: “Grande dia”. O chanceler - nenhum deles - se manifestou. Trataram o caso como ginasianos: já vai tarde! Confirmaram sua homofobia, autoritarismo e desprezo pelos direitos humanos.

O silêncio das autoridades confirma a suspeita de Jean Wyllys e que é muito grave: o governo não pode mesmo garantir a sua vida e não se importa com isso, embora seja a primeira obrigação do estado.

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O governo também não faz questão de mostrar aos brasileiros e ao mundo que o país não está do jeito que o deputado imagina.

Seu viés autoritário não admite dialogar com o opositor ideológico que é gay: prefere que vá para o exílio, como ocorre nas ditaduras, não nas democracias.

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O país está ficando do jeito que Jean Wyllys imagina. Só falta colocar a placa “ame-o ou deixo-o”.

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