Só faltou uma pessoa para passar a faixa ao Lula

Se Lula quiser e puder gravar a mensagem que nos pediu a dona (Dra.) Procópia kalunga, tenho certo que será o melhor presente que ela poderá receber

(Foto: Reuters)


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Procópia dos Santos Rosa, liderança quilombola, griô kalunga, Dra. Honoris Causa pela Universidade Estadual de Goiás[1]. 

Uma guerreira que completa no dia do aniversário do PT, 10 de fevereiro de 2023, 90 aninhos. Uma anciã, cuja sabedoria (o saber popular e tradicional) e a luta pelo seu povo é a marca revolucionária dos sujeitos historicamente espoliados que nunca se rendem em brigar por justiça e pela emancipação das pessoas vulnerabilizadas nesse País que ainda clama tanto sua decolonização. 

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Procópia é co-fundadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ. E é, sem dúvidas, uma das mais intensas rezadeiras pela saúde e pelas vitórias de Lula. Recentemente estive em sua casa, no Riachão, uma das comunidades dos kalunga na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e Iaiá (como é chamada pelos seus) não conseguia conter a emoção ao falar que rezava todos os dias quando Lula esteve sequestrado no cárcere. Suas lágrimas eram a representação das lágrimas do povo brasileiro e dos ancestrais africanos, também cruelmente sequestrados de suas vidas.

Retomando a discussão que me refiro a respeito da passagem da faixa presidental, cujas pessoas minorizadas, um total de 8 representações da sociedade, entre os quais, uma catadora de resíduos sólidos; uma pessoa com deficiência; o grande cacique indígena, Raoni Metuktire; além de outras, substituíram (e legitimamente) o ex-presidente Jair Bolsonaro (que fugiu) na entrega do objeto o qual simboliza a transmissão do cargo mais alto da República ao novo Chefe da Nação, Luiz Inácio Lula da Silva. E sobre este tema, na verdade, nada faltou nesse momento lindo, solene e histórico da posse ocorrida dia 1º de janeiro de 2023 [2]. A representação do povo entregando a faixa foi sensacional e necessária. Portanto, parabéns à Janja e à equipe do Lula por todo o planejado para essa festa inesquecível da democracia. 

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De todo modo, se Lula quiser e puder gravar a mensagem que nos pediu a dona (Dra.) Procópia kalunga, tenho certo que será o melhor presente de aniversário que ela poderá receber ao inteirar seus 90 anos de idade. E é o simbólico da reverência que temos a esta mulher que também representa os milhões de africanos os quais, durante séculos de transporte nos navios negreiros, não chegaram ao continente e estão submersos no Oceano Atlântico e na semiologia dos assassinatos durante a escravização legalizada, estes que seguem encantando seus descendentes, outros milhões de negros retirados de seus territórios que tiveram de africanizar o Brasil, buscando nos quilombos resgatar a cosmologia e a cultura perdidas, e a transposição do território de seus ancestrais do gigante continente dilacerado naqueles tempos e ainda em consequente devastação histórico-conjuntural nos tempos de hoje, na “África” que habita os rincões do Brasil...
Viva Procópia! Viva Lula! Viva a Democracia! Viva a Decolonização (que se inicia nesse novo Governo)! Viva o Povo brasileiro! [2]

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[1] Veja a cerimônia de entrega do Título de Dra. Honoris Causa à Procópia dos Santos Rosa que ocorreu no dia 7 de dezembro de 2022.

Link TV UEG: https://www.youtube.com/watch?v=Dg6DOOEanF8

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[2] A verdade é que não faltou à posse a potência do simbólico. Vejamos os ministros e ministras nomeados por Lula. A quantidade de mulheres e negros na composição deste espaço governamental historicamente ocupado por membros das elites, é algo mágico. Vejamos entre estas ordens de grandeza, a primeira indígena no primeiro Ministério dos Povos na história do Brasil, Sônia Guajajara. Entre os negros, mencionamos o intelectual, Silvio Almeida, a artista, Margareth Menezes e Anielle Franco, irmã da heroína, Marielle Franco nesta composição completamente diferente das demais presidências do Brasil.

[3] Não tenho dúvidas que esse novo Governo é o escopo do nosso Esperançar (estimulado por Paulo Freire) no Caminhar (que nos ensinam os povos indígenas) para o Emancipar (na reflexão de Roberto Lyra Filho) e para o Decolonizar (na resistência dos povos quilombolas).

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