Só falta combinar com os russos

"Se Bolsonaro quer mesmo se reeleger", "o governo tem que fazer vacinação em massa", afirma o jornalista Alex Solnik

Vladimir Putin e Jair Bolsonaro
Vladimir Putin e Jair Bolsonaro (Foto: Clauber Cleber Caetano / PR)


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Se esse governo quer mesmo que a economia cresça, se Bolsonaro quer mesmo se reeleger, se quer o bem dos brasileiros, deve tomar como prioridade não as reformas ou as pautas malucas da ala ideológica. O que o governo tem que fazer com urgência é vacinar em massa. E vacinar o quanto antes.

Já caíram por terra as previsões catastróficas. “Vacina só daqui a dois anos e olhe lá”. “Talvez nem tenha vacina”.

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Não, vacina já tem. E a mais adiantada e a que pode ser entregue primeiro é a Sputnik V, da Rússia.

Espero que o governo já saiba que a União Soviética não existe mais há 29 anos e que a Rússia é um país tão capitalista quanto o Brasil. Prova é que Putin já escalou um vendedor de luxo que está oferecendo o Santo Graal a nosso país, como afirmou na Folha de S. Paulo, em entrevista a Igor Giellow. “Reservamos para o Brasil 100 milhões de doses” afirmou Kirill Dmitriev.

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Podem até alegar que sou suspeito para falar de vacina russa, pois nasci naquelas bandas (mais precisamente na Ucrânia, mas tudo era União Soviética), mas não é isso; é que a Sputnik V, ora na fase 3, com 40 mil voluntários, se tudo continuar bem, pode chegar ao Brasil já em novembro. Nenhuma outra consegue essa marca.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT) já comprou 50 milhões de doses. No Paraná, chega em julho de 2021. Outros cinco governadores negociam com os russos. Mas seria importante o governo federal entrar nessa e abastecer todo o país.

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Quanto à segurança, tudo indica, segundo o vendedor de luxo, não haver dúvida, já que a matéria-prima é um adenovírus humano, cujo pior efeito colateral é uma gripe leve.

A questão da vacinação é de máxima urgência. O país que vacinar primeiro sua população será o primeiro a voltar à normalidade. A população estará feliz por se livrar da peste. A economia voltará a girar como antes dela. O fantasma da penúria vai desaparecer.

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País que continuar funcionando a meio pau por muito tempo estará fadado a perder posições no ranking do PIB. Miséria ou riqueza das nações será decidida pela capacidade de vacinar o mais rapidamente possível.

Imunizar o Brasil significa vacinar ao menos 60% da população de 200 milhões de habitantes, ou 120 milhões, e, como são necessárias duas doses, a demanda é de 240 milhões de doses.

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Esses números escancaram que uma vacina só não é o bastante. Não adianta o governo federal fechar só com a de Oxford. Nada impede – ao contrário, tudo recomenda – que compre todas as vacinas disponíveis, porque será o melhor investimento que o país fará: investimento na saúde da população e na saúde da economia.

Governadores que vacinarem rapidamente seus cidadãos serão recompensados com a reeleição; os que fracassarem serão punidos nas urnas.

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O mesmo se dá no plano federal. Se Bolsonaro vacinar rapidamente os brasileiros e a economia voltar a girar até 2022 será difícil derrotá-lo nas urnas, mas se continuar em sua cruzada arrivista e irresponsável contra a vacinação, vai colher a tempestade que está semeando.

E já que o Rodrigo Maia tem que fiscalizar Bolsonaro, seria muito bom se, em vez de reforma tributária ou administrativa, ele colocasse em votação uma lei que obrigasse o governo a comprar todas as vacinas disponíveis no mercado, pois não é gasto, é investimento no futuro.

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