Só espero que Bolsonaro não mande o Exército apreender as urnas

"Tal como Bolsonaro, Trump já anunciava, antes da votação, que haveria fraude se perdesse", escreve Alex Solnik

Jair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças Armadas
Jair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças Armadas (Foto: Alan Santos/PR | ABr)


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Por Alex Solnik

Todas as pesquisas indicam que Bolsonaro não vai se reeleger. Bolsonaro repete o mantra de que só não vai se reeleger se houver fraude. É certo, portanto, que ele não vai aceitar o resultado adverso. Vai reagir a seu modo, partindo para o ataque.   

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Discípulo de Trump, deverá seguir o roteiro inaugurado pelo mestre, cuja participação na invasão do Capitólio, a fracassada operação de 6 de janeiro de 2021, começa a ser julgada hoje, em Washington. 

Tal como Bolsonaro, Trump já anunciava, antes da votação, que haveria fraude se perdesse. Constatada a derrota, jamais admitida, várias cartas foram postas na sua mesa pelos conselheiros com o fim de revertê-la. 

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Uma delas: comandante-em-chefe das Forças Armadas que era, poderia ordenar ao Exército a apreensão das urnas. 

Trump não topou. Poderia ser o estopim de uma guerra civil. Preferiu contratar um exército de advogados para contestar os resultados, estado por estado, cidade por cidade. 

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E ainda fez comícios estimulando adeptos a protestar contra o resultado supostamente fraudulento. Sem jamais apresentar provas, pois teorias da conspiração prescindem delas. 

Além disso, pressionou seu vice - que é também presidente do Senado - a recusar a carimbar o resultado.

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O voto impresso ajudou na sua campanha difamatória. Por isso, Bolsonaro insistiu tanto nele. Com voto eletrônico a apuração é rápida, leva algumas horas. A contagem dos votos impressos pode levar dias, e até semanas, o que abre espaço para todo tipo de narrativas e contestações.

O roteiro, já que Bolsonaro também é orientado por Steve Bannon tal como foi Trump, deverá ser mais ou menos o seguinte: 1) assim que a vitória de Lula for anunciada pelo TSE, seja no primeiro turno, seja no segundo, ele vai contestar o resultado; 2) um batalhão de advogados irá vasculhar tudo o que for possível para comprovar a tese do presidente; 3) ele vai estimular protestos contra o resultado nas maiores cidades, tentando anular as eleições na marra e 4) não vai passar a faixa presidencial.

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Só espero que, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, não mande o Exército apreender as urnas.

E, se mandar, o Exército não o obedeça.

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