Só as ruas podem destruir o cinturão das trevas de Bolsonaro

"O cinturão institucional das trevas montado por Bolsonaro é forte, com seus braços no parlamento, na PGR, nas forças armadas e nas polícias, além de contar com milicianos prontos para entrar em campo. Só a mobilização popular será capaz de dinamitá-lo", escreve o colunista

(Foto: ABr)


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Os militares dão sinais evidentes de que não pretendem deixar o governo. Inebriados pelos mais de 6 mil cargos na máquina pública e pela dolce vita do poder chegam a endossar as teses mais estúpidas e inconstitucionais de Bolsonaro, como o ataque sistemático às urnas eletrônicas.

Por outro lado, desprovido de quaisquer escrúpulos, o procurador-geral da República, Augusto Aras, ignora a sucessão interminável de crimes cometidos por Bolsonaro. Como prêmio, Bolsonaro já encaminhou ao Senado pedido de recondução do chefe do MP por mais dois anos. 

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Traindo sua função pública, Aras tem ido além da engavetação-geral, agindo como autêntico militante bolsonarista na PGR, transformada por ele em trincheira para garantir a impunidade do capitão nazista. Pela Constituição, cabe ao procurador-geral a proposição de ações penais contra o presidente da República. Diante da omissão de Aras, o STF vem sendo obrigado a propor as investigações envolvendo o presidente da República. 

Se Bolsonaro ostenta com louvor o título de pior mandatário do Brasil em todos os tempos, ofendendo diuturnamente a dignidade do cargo e violando as lei do país, igualmente se pode afirmar que a  Câmara dos Deputados jamais fora presidida, nem nos tempos mais sombrios da ditadura militar, por um político de tão baixa extração como Arthur Lira.

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Noves fora sua relação de cumplicidade canina com Bolsonaro, que o faz pousar o traseiro sobre 130 pedidos de impeachment, Lira tem se esmerado em patrocinar projetos que aviltam valores caros à cidadania.

Sem a menor noção da importância de presidir um poder da República, Lira tem suas digitais marcadas em causas flagrantemente contrárias aos interesses da nação, como a aprovação do lixo de Medida Provisória que permite a privatização da Eletrobrás, cheia de “jabutis” e penduricalhos oportunistas.

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Também é da lavra de Lira a excrescência do orçamento paralelo e, agora, faltando pouco mais de um ano para as eleições, o projeto do novo código eleitoral, uma espécie de monumento à falta de transparência e que, se aprovado, jogará por terra conquistas importantes da população brasileira.

Sem nenhuma discussão com setores representativos da sociedade, como  trabalhadores, empresários, cientistas políticos, jornalistas especializados, juristas e acadêmicos, o presidente da Câmara quer empurrar goela abaixo do país um monstrengo de 902 páginas, que atinge em cheio as cotas para negros e mulheres nas chapas dos partidos, torna a justiça eleitoral um mero ornamento, praticamente sem função, e chega ao ponto de censurar a divulgação de pesquisas eleitorais na véspera e no dia da eleição.

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Isso sem falar em pérolas do casuísmo e do golpismo mais explícito que tramitam de forma acelerada na Câmara, como  os projetos que instituem o semipresidencialismo e o distritão.

O cinturão institucional das trevas montado por Bolsonaro é forte, com seus braços no parlamento, na PGR, nas forças armadas e nas polícias, além de contar com milicianos prontos para entrar em campo.

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Só a mobilização popular será capaz de dinamitá-lo.

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