Skaf: o ideal conservador para “endireitar” São Paulo

O estado de SP é conservador. Deseja conservar, a todo custo, a riqueza que alguns poucos concentraram. Skaf é a cara de São Paulo. Ou será SP que é que é a cara de Skaf?



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Ofereço, graciosamente, esse lema para a campanha de Paulo Skaf (do PMDB) ao governo de SP. Sua equipe de marketing nem precisa pagar nada. Para mim, já basta o gozo da ironia.

Escafedeu-se o sonho petista de implantar um governo progressista no Palácio dos Bandeirantes.

O estado de SP é conservador.

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Deseja conservar.

Deseja conservar, a todo custo, a riqueza que alguns poucos concentraram.

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Deseja conservar, a todo custo, a sua singular moral (ou a falta desta) que legitima injustiças e iniquidades. Não há como esconder ou ludibriar: a história nos servirá como testemunho(a).

Portanto, não é de causar surpresa alguma se o candidato Paulo Skaf, num repente, num rompante, entoar a velha cantilena do “Vamos botar a ROTA na rua!” – com o perdão da cacofonia e de possíveis pecados mortais, ou mesmo veniais.

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Ou, sem penitência, piedade ou pudor, condenar a invasão de pedintes e drogados nas ruas sujas das cidades; prometer deixar as ruas mais limpas e “acabar com a bagunça acintosa da pobreza”.

Ou mesmo se defender a pena de morte. E condenar o aborto ou a liberação da maconha (sequer para uso medicinal). Porque, como todo conservador, ao defender a pena capital e condenar o aborto “vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal”.

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Ou ainda, se defender o fechamento das nossas fronteiras contra bolivianos, nigerianos, coreanos, haitianos e outros pobres imigrantes de países menos ricos. São Paulo só respeita os que imigraram da Itália, do Japão e da Alemanha, em tempos idos, aqueles que hoje emprestam seus nomes a decadentes famílias tradicionais paulistanas, que carregam esses nomes como se medalhas de mérito fossem. O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui!

 Skaf é a cara de São Paulo. Ou será SP que é que é a cara de Skaf?

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Skaf fez campanha, no passado, e conseguiu a extinção da CPMF. A classe média conservadora detesta imposto, mas quer saúde, educação e segurança pública de qualidade. A classe média conservadora detesta o Estado, mas pede ao político amigo uma prebenda ou sinecura para os seus filhos “problemáticos” que não conseguem uma boa colocação na iniciativa privada. Sim, condenável é o clientelismo alheio.

O mundo inteiro escutou, constrangido, estarrecido o silêncio de São Paulo diante da chacina de 111 presos no Carandiru. Um silêncio que já sussurrava a todos à época – mas  que parece ecoar ainda hoje –  pensamentos, segredos e pecados indizíveis, inconfessáveis: “Presos são quase todos pretos. E pretos são todos pobres. E pobres são como podres”.

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É preciso dar o exemplo.

É preciso “mostrar aos outros, quase pretos (e são quase todos pretos), e aos quase brancos, de tão pobres, como pretos são tratados”.

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Para o pensamento conservador da classe média brasileira, os pobres, os pretos e os mendigos são como “podres” e devem ser varridos para as periferias, onde, provavelmente, serão mortos – mas quem se importa? – pela polícia, por traficantes ou  por milicianos. Mas são todos muito bem-vindos e bem recebidos, com um protocolar “bom dia” e sorrisos amarelos, pela porta da serventia.

São Paulo é Alckmin; que é Maluf; que é Campos Machado; que é Celso Russomanno; que é Paulinho da Força; que é... SP!

SP é Paulo Skaf; que é Fleury, governador à época da chacina do Carandiru; que, por sua vez, é Maluf. É, também, Russomanno; é Alckmin. E assim o ciclo se abre, e se fecha, constantemente, numa espécie de moto perpétuo do mandonismo mais conservador.

Skaf é SP, que é anti-PT. Skaf é anti-Dilma. Skaf é conservador; é “de direita”.

São Paulo é uma das últimas cidadelas do conservadorismo antiprogressista e anticivilizatório no país. A gente só conseguirá mudar de fato o Brasil, quando conseguir mudar a alma de São Paulo.

 Pois o que já foi força e destemor bandeirante, de um estado que um dia distante perdido no passado foi considerado a locomotiva do Brasil, agora é sua âncora, pois se tornou, apenas, paradigma  de medo, egoísmo e mediocridade.

O conservadorismo de São Paulo atravanca o progresso e o desenvolvimento do Brasil.

[N.A. Esse texto, você deve ter notado, contém  excertos da letra da música “Haiti”, de Caetano Veloso]

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