Ser autocrítico vale a pena

A autocrítica, no mínimo, é uma pauta que faz a pessoa se frear em ridículos, patéticos e outros comportamentos pantagruelicamente exagerados

A autocrítica, no mínimo, é uma pauta que faz a pessoa se frear em ridículos, patéticos e outros comportamentos pantagruelicamente exagerados
A autocrítica, no mínimo, é uma pauta que faz a pessoa se frear em ridículos, patéticos e outros comportamentos pantagruelicamente exagerados (Foto: Jean Menezes de Aguiar)


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Nietzsche em famosa frase à porta de sua casa, abrindo a obra A gaia ciência, dizia: ‘Moro na minha própria casa, nunca imitei ninguém, e rio-me de todos os mestres que nunca se riram de si” [trad. Guimarães Editores, Lisboa].

Em tempos de internet e de um pós-modernismo já entrando na terceira idade, parece que ‘tudo pode’. O ridículo, o patético, o ofensivo e o maléfico. Estão tentando aposentar a educação e a consideração pelo outro.

Soube, outro dia que uma condômina, pois vizinha de um morador que cuida de um condomínio, insatisfeita com um assunto interno, não registrou sua insatisfação por primeiro. Partiu direto para a ofensa pública ao síndico, chamando-o de ‘imbecil’. Isso num bairro de ‘elite’ (…) como Alphaville, SP, podendo-se supor, apenas supor, é claro, que a dona tivesse tido na vida alguma oportunidade de educação ‘razoável’.

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Muito se tem falado acerca do ódio online. Talvez ele azede no futuro próximo, saia de moda mesmo. Ou seja substituído pela agressão física, do tipo de torcidas de futebol. Mas o viés aqui é outro. É um pouco nietzschiano, devendo-se pedir desculpas ao pensador porque ele confeccionou sua poesia em forma de frase para seus pares, para outros ‘mestres’, não para o populacho, ou foi irônico com o mundo mesmo. Ele forçava a que mestres, ou os intituladamente assim, exercessem a crítica primeiramente à sua pessoa.

De novo, nesta geração do exibicionismo online, discutir civilizadamente ou buscar compreender a si próprio representam dialéticas em coma. Se posso histrionicamente aparecer, dane-se o que podem achar de mim, ou pior, o que eu próprio deveria saber de mim que não sei.

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A autocrítica, no mínimo, é uma pauta que faz a pessoa se frear em ridículos, patéticos e outros comportamentos pantagruelicamente exagerados. Mas anote-se que é um erro se pensar que, atualmente, o ridículo ‘não importa mais’. Ou que se todos temos nossa parcela de ridículo, um pouco de exagero no tema ‘não teria problema’. Não é bem assim.

É o ridículo que continua a servir em grande medida de calibre social para uma série de avaliações e convívios. Experimente, por exemplo, ser ridículo no trabalho e verá as consequências.

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Brincadeirinhas de ridículo, momentos descontraídos dele, ou profissionais de humor-up que vivem suas fabulosas personagens não podem servir de parâmetro para a vida real.

A autocrítica que requer, sempre, recepção interessada com a crítica que o outro faz de nós, porque esta crítica heterônoma poderá ser um valioso embrião para um autoconhecimento mais profundo de si próprio, tem um valor inestimável para uma vida equilibrada e refletida. Se dizem que somos algo, certamente devemos avaliar se não somos um pouco disso mesmo. E evoluir.

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São, em primeiro lugar, os pais que aguçam ou ensinam a autocrítica aos filhos. Não aqueles que só veem seus filhos como príncipes e princesas. Mas os que sabem que sua cria pertencerá ao mundo, este mesmo mundo que julga, analisa, aprova, reconhece, discrimina e diz ‘não’ na cara.

Dizer que ‘julgar o outro’ é feio, reprovável ou fora de moda é um malandrismo velho. Na vida real todos serão avaliados. E a autocrítica na emissão de opiniões, avaliações, escritos e comentários fará a diferença entre alguém ao qual não merece se perder a atenção, pela própria bobajada de o que diz, e alguém cujas ideias são no mínimo interessantes e refletidas.

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Há nomes velhos para isso, ‘meritocracia’, por exemplo, aquela que se reconhece quem possui algum mérito, seja ele qual for, não foi totalmente desmontada no mundo.

A tal ‘regulação do mercado’, tão decantada por uns para pautas econômicas, parece ter sido insuficiente para algum ‘controle’ da falta de autocrítica. Infelizmente, quando se viaja ao exterior veem-se povos educados em convívios básicos e pacificados. Andar no metrô, estar numa praça, passear pelas ruas sem assaltos, ladrões, espertalhões etc., e a comparação cultural é imediata.

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Já se viveu, por aqui, o porre da democracia. Talvez agora haja outros porres, da falta de educação, da ofensa gratuita ao outro e outros desajustes. Mas certamente tudo isso é uma falta de autocrítica severa.

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